Comerciantes dizem não poder esperar mais um ano pelas obras

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A vigília decorrerá entre as 17h00 e as 20h00 de hoje NFACTOS/FERNANDO VELUDO

Os lojistas apelam para que se iniciem de imediato as obras de reabilitação, caso contrário temem perder os clientes definitivamente

Os comerciantes do Mercado do Bolhão consideram insustentável a espera de pelo menos mais um ano para o início das obras de requalificação do edifício. Face ao anunciado após a assembleia municipal de 15 de Março pelo vereador do Urbanismo, Gonçalo Gonçalves, que afirmou que as obras de reabilitação começariam, "na melhor das hipóteses", no segundo semestre de 2011, a Plataforma de Intervenção Cívica (PIC) marcou para hoje uma vigília, na porta principal do mercado, contra o atraso das obras e para reforçar o apoio a uma gestão pública do mesmo.

"Nem que fossem apenas seis meses de espera. Seria demais", afirma a proprietária de uma peixaria, Sara Araújo. A lojista apela para que a requalificação do mercado seja iniciada de imediato, antes que os clientes "desapareçam de vez". O estado degradado do interior do edifício é, para Sara Araújo, um dos factores que contribuem para que algumas pessoas, nomeadamente turistas, evitem a entrada no mercado. "Alguns ainda espreitam, mas depois acabam por sair quase de imediato", sustenta.

A juntar aos problemas de degradação e de salubridade, referidos pelos comerciantes, os pilares improvisados, montados pela câmara, na sequência dos estudos realizados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em 2005, que alertavam para o perigo eminente de derrocada, representam para os lojistas outro empecilho para o seu negócio. "Quem cá entra, pensa que o edifício pode cair a qualquer momento", afirma uma das lojistas da ala sul do piso superior, Inês Guimarães.

Perante o relatório realizado em 2009 pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que refere que o mercado apresenta "razoáveis condições estruturais" e que, por isso mesmo, não está em risco de ruir, Inês Guimarães questiona o facto de ainda não terem sido retiradas as estruturas metálicas do edifício. A comerciante, que se estabeleceu há cerca de 20 anos no Bolhão, afirma que quem não conhece o mercado se assusta com o "aparato montado". Os clientes que aqui vêm são apenas os habituais", explica. A única forma que diz ter encontrado para conseguir manter o negócio é não contratando qualquer funcionário.

Lojistas sem informação

A falta de esclarecimento por parte dos organismos responsáveis em relação ao projecto que será aprovado e elaborado até ao final deste ano causa alguma insegurança aos comerciantes, que desconhecem ainda se algumas bancas terão que ser encerradas. O atraso para o arranque das obras motiva também desconfiança entre os lojistas. Inês Guimarães diz-se pouco esperançosa e afirma que só quando começarem as obras é que acredita na reabilitação. Contudo, ainda duvida da sua permanência no mercado: "Não me interessa se será gerido por privados ou pela autarquia. Quero é que façam obras rápido e que todos continuemos aqui".

Entre as 17h00 e as 20h00 de hoje, a PIC pretende alertar os cidadãos para as condições de trabalho dos comerciantes. Segundo o representante da Plataforma, José Maria Silva, a PIC pretende realçar o atraso das obras e o formato de financiamento que a câmara quer aplicar. De acordo com o mesmo, a angariação dos 20 milhões de euros necessários para suportar o projecto, através da venda de acções do Mercado Abastecedor e da indemnização que a autarquia espera receber da TramCroNe, parece-lhe "irreal". A PIC defende ainda que o mercado seja gerido futuramente pela autarquia e não exclui que as próprias associações do mercado façam parte deste modelo.

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