EUA e Rússia chegam a acordo sobre pacto de redução nuclear
O pacto, que deverá ser assinado no próximo mês em Praga, é uma importante vitória para a estratégia de reaproximação a Moscovo do Presidente Barack Obama e abre caminho à sua ambição de conseguir reduções mais drásticas no futuro.
O fim das negociações, que se arrastam há quase um ano, foi anunciado por um porta-voz do Kremlin que garantiu que “há acordo sobre todos os documentos a assinar”. O porta-voz da Casa Branca admitiu que um entendimento está “muito próximo” mas não pode ser dado por concluído até que Obama e o Presidente russo, Dmitri Medvedev, “tenham hipóteses de conversar”, o que deve acontecer “nos próximos dias”.
Existe também um acordo de princípio para que a cerimónia de assinatura decorra em Praga, coincidindo o mais possível com o primeiro aniversário do discurso em que o Presidente americano delineou a sua ambição de contribuir para um mundo livre de armas nucleares. Dias antes, no primeiro encontro formal a dois, Obama e Medvedev lançaram as negociações para um novo START e meses depois, em Moscovo, acordaram que os arsenais estratégicos de cada um dos países deveriam ser reduzidos para não mais de 1675 ogivas – um quarto do limite imposto no tratado de 1991 e menos 525 do que as previstas num acordo bilateral de 2002.
As negociações deveriam ter terminado antes de 5 de Dezembro, quando expirava o histórico tratado. Mas divergências sobre os mecanismos de verificação (que os EUA insistiram em manter) e os sistemas de defesa antimíssil (que Moscovo pretendia vincular ao tratado) arrastaram as discussões, finalmente resolvidas numa conversa telefónica entre os dois presidentes, no dia 13.
A revisão do START – anunciada semanas antes da cimeira sobre segurança nuclear em Washington – é “a conquista mais significativa da estratégia de Obama para tentar reiniciar as relações com a Rússia”, depois do período conturbado que se seguiu à guerra da Geórgia, no Verão de 2008, lembrou o New York Times.
E apesar de ser visto pelos activistas como pouco ambicioso, o acordo “abre caminho a reduções mais drásticas”, pois existe um entendimento para reabrir as negociações mal o novo tratado seja ratificado. Em cima da mesa poderão estar novos limites não só aos arsenais estratégicos, como às armas nucleares tácticas.
O acordo serve também os interesses de Moscovo, porque lhe permitirá eliminar parte do seu envelhecido arsenal, ao mesmo tempo que reforça a imagem da Rússia enquanto potência mundial, sublinham os analistas.