A nova vaga patriótica, o velho KKK, os independentistas e as milícias vigilantes
O Southern Poverty Law Center (SPLC) documentou a existência de 512 grupos associados ao chamado movimento patriótico com actividade regular em 2009. Depois da eleição do primeiro Presidente negro dos Estados Unidos, o movimento radical está em em expansão em todo o país, através do recurso à Internet mas também da publicação de literatura própria. Os grupos que se descrevem como "patrióticos" advogam uma doutrina anti-Governo extrema e dizem ser opositores ao que chamam de "nova ordem mundial".
Por vezes, mas não necessariamente, fazem a apologia da violência como forma de difusão da sua mensagem. São também frequentemente promotores de teorias da conspiração. Os membros da John Birch Society, por exemplo, acreditam que o Presidente Dwight Eisenhower era um agente comunista. E os Oath Keepers, que se constituíram no ano passado, consideram que o Governo tem um plano secreto para estabelecer a lei marcial e confinar os americanos patriotas em campos de concentração.
Amais antiga organização racista mantém influência
Fundado em Dezembro de 1865 como uma organização cristã, o Ku Klux Klan (KKK) é o mais antigo e mais conhecido grupo de ódio racial dos Estados Unidos. Depois de inflingir o terror nos estados do Sul por mais de 50 anos, com execuções, linchamentos, violações e ataques violentos contra todos os que pusessem em causa a supremacia branca, a sua actuação agora é política: eles distribuem propaganda e organizam comícios, protegidos pelo direito de liberdade de expressão.
A população afro-americana continua a ser o alvo primordial do KKK, mas o grupo também é responsável por ataques contra judeus, imigrantes, homossexuais e, mais recentemente, católicos. O movimento foi significativamente enfraquecido por divisões internas e conflitos com as autoridades na década de 70, mas, segundo as estimativas do SPLC, conta ainda com 5 mil a 8 mil membros activos.
Revivalismo secessionista no Sul da América
O Movimento Neo-Confederado, cujo grupo mais proeminente dá pelo nome de "Liga do Sul", defende o regresso aos valores dos Estados Confederados que combateram o exército da União durante a guerra civil americana. Os seus adeptos querem que a América recupere os "valores fundamentais" da sua criação, em particular a sua herança cristã.
Os seus escritos, disseminados em publicações como o Southern Partisan, advogam a segregação racial com base na supremacia da raça branca, condenam a homossexualidade e são abertamente secessionistas. Segundo descreve o SPLC, "trata-se de uma ideologia reaccionária conservadora, que conseguiu galgar terreno dentro do território do Partido Republicano em termos políticos e que muitas vezes coincide com o discurso dos nacionalistas brancos e outros grupos extremistas".
Grupos anti-imigrantes são último fenómeno
Os grupos anti-imigração, que têm vindo a proliferar desde a década de 90, são o mais recente fenómeno de xenofobia nos Estados Unidos. O SPLC distingue entre os "nativistas" e os "vigilantes", que se constituem como milícias que confrontam e atacam imigrantes e organizações de defesa da imigração.
Além de subscreverem propaganda racista, os grupos anti-imigração também alimentam várias teorias da conspiração. As duas mais arreigadas dizem respeito a um alegado "Plano de Aztlán" para a "reconquista" do Sudoeste dos Estados Unidos pelas forças hispânicas, e à suposta negociação secreta entre os líderes dos Estados Unidos, Canadá e México para o estabelecimento de uma "União da América do Norte" e moldes semelhantes aos da União Europeia.