Alex Chilton, catapultado para a fama aos 16 anos, quando cantou "The Letter" nos Box Tops, e que dela fugiu durante o resto da sua carreira, liderando os influentes Big Star, morreu ontem em Nova Orleães, onde residia. Tinha 59 anos e a morte, confirmada por Laura Chilton, a sua mulher, terá sido causada por um ataque cardíaco.
Nos últimos dias, segundo informa o New York Times, o músico vinha-se queixando de arrepios e dificuldades respiratórias. Na tarde de ontem, com o agravamento dos sintomas, foi conduzido ao Tulane Medical Centre, em Nova Orleães. Durante a viagem, perdeu os sentidos e a morte foi declarada já no hospital.
Os seus Big Star actuariam este fim-de-semana em Austin, Texas, no South By Southwest, considerado uma Meca americana da música indie. A presença da banda veterana num festival especialmente dedicado a revelar novos nomes é testemunho de uma influência tão grande quanto o foi a ausência de sucesso comercial.
Nascido em Memphis, em 28 de Dezembro de 1950, Chilton juntou-se aos Box Tops em 1967. Nesse mesmo ano, "The Letter" tornou-se um sucesso mundial e o seu jovem vocalista uma estrela reticente.
Impedido de contribuir criativamente na banda e desconfortável sob as luzes do mediatismo, abandonou o grupo em 1970 para se lançar numa carreira a solo que não chegaria a concretizar-se. Um ano depois, funda os Big Star. Influenciados pela soul, pelo som cristalino dos Byrds e pela British Invasion, a banda editou três álbuns que, apesar dos elogios generalizados da crítica, seriam rotundos fracassos comerciais, fruto de péssimas decisões editoriais e de uma sonoridade em contracorrente com o seu tempo.
Seria preciso esperar mais uma década para o trabalho dos Big Star ser reconhecido e Alex Chilton, que iniciara uma discreta carreira a solo no final dos anos 1970, erguido a referência na história da pop.
Venerado pela geração punk, considerado influência maior por R.E.M., Teenage Funclub ou Belle & Sebastian, o misterioso Chilton, inventor da luminosidade do "power-pop" mas também autor de algo como "Holocaust", de um desespero perturbante, reformou os Big Star em meados dos anos 1990. "In Space", editado em 2005, foi o último álbum da banda.