A segunda guerra de Spielberg e Hanks
Chega dois dias depois da estreia nos EUA, é a mini-série mais cara de sempre e sucede a Irmãos de Armas
O pedigree, já se percebeu, vem da produção executiva de Tom Hanks e Steven Spielberg. É mais uma incursão pela II Guerra: em 1998, Spielberg fez o desembarque na Normandia em O Regresso do Soldado Ryan e com Hanks; em 2001, estreava a sua produção conjunta, Irmãos de Armas (HBO). Em 1998, Terrence Mallick já tinha mostrado um lado menos conhecido da luta dos Aliados na II Guerra - o do Pacífico. Foi com A Barreira Invisível. Em 2006, Clint Eastwood filmou As Bandeiras dos Nossos Pais e As Cartas de Iwo Jima. Agora chega The Pacific, uma mini-série de dez episódios baseada na experiência verídica de três fuzileiros norte-americanos - desde o ataque a Pearl Harbor, que ditou a entrada dos EUA na II Guerra, até ao dia da vitória sobre o Império do Japão.
Como conta Tom Hanks, a série começou a ser pensada logo após a ida para o ar dos primeiros episódios de Irmãos de Armas (que o AXN está agora a exibir). A ideia veio pelo correio: "Todas as cartas que chegavam de veteranos do teatro de operações do Pacífico diziam: "Quando é que vão contar a nossa história?"", comentou Hanks ao New York Times. Irmãos de Armas focava-se na Europa, na frente russa, nas Ardenas. The Pacific explora uma zona menos conhecida da Guerra Mundial, assinala o New York Times, referindo que, por exemplo no próprio jornal, a ilha de Guadalcanal, onde se travou uma sangrenta batalha, tinha apenas sido mencionada um par de vezes. Uma das quais para falar de canibalismo.
Hanks e Spielberg pegaram em James Bagde Dale (interpreta Robert Leckie), Joe Mazzello (Eugene Sledge) e Jon Seda (John Basilone) e nas obras With The Old Breed, de Eugene Sledge, e Helmet for my Pillow, de Robert Leckie, além de várias outras descrições e monografias sobre a guerra no Pacífico, para criar The Pacific. E entregaram-na a realizadores de séries como Os Sopranos, Sete Palmos de Terra ou Irmãos de Armas, claro, e a argumentistas e escritores como George Pellecanos (Sob Escuta) ou o vencedor de um Pulitzer, Robert Schenkkan. No início de cada episódio, documentáriosrápidos contextualizam a guerra no Pacífico.
A série foi recebida pela crítica com forte entusiasmo ou cepticismo - a New Yorker, por exemplo, notou que The Pacific, mesmo na sua crueza e violência, dourava a pílula em relação a um dos livros em que se baseia. Mas falámos de números e ei-los: é a mini-série mais cara de sempre, tendo custado 146,3 milhões de euros (Irmãos de Armas custou 88 milhões); a produção, focada na Austrália, foi tão exigente que foram tecidas à mão 3000 fardas na Índia para replicar a malha típica dos anos 1940; foram transportados 500 coqueiros para a Austrália; pela ausência de duplos, o actor Joe Mazzello emagreceu cinco quilos; Irmãos de Armas ganhou seis Emmy e a crítica mais favorável já considera que The Pacific dominará os próximos prémios.
E há um número que nos leva não só ao Pacífico, mas a todo um planeta. A estreia em Portugal acontece dois dias depois da estreia na HBO. É a segunda grande operação do género do AXN, que já com FlashForward apostou na redução deste intervalo. Essa série da ABC chegou com duas semanas de distância da estreia nos EUA; depois, a Fox estreou Perdidos, também da ABC, com apenas uma semana de diferimento. Agora, dois dias.
Carlos Herrán, vice-presidente de Programação e Produção da Sony Pictures Television International Networks Iberia, diz ao P2 que os prazos dependem "da disponibilidade de materiais e de direitos de emissão". No caso de FlashForward, o tempo mínimo de espera imposto pela ABC era de uma semana. "No caso de The Pacific, fizemos um grande esforço para ter a emissão" hoje. O P2 perguntou sobre o reflexo destas operações nas audiências do canal mas, tal como nos canais Fox, essa informação não é fornecida à imprensa.
Notícia corrigida às 12h20