Novos estatutos do Benfica exigem 15 anos de sócio ao presidente

Se for aprovado, o novo regulamento veda por algum tempo candidaturas como a de José Veiga, Bruno Carvalho ou Eduardo Moniz

Só quem tiver 15 anos como sócio efectivo é que poderá candidatar-se à presidência do clube. Esta é uma das principais alterações propostas nos novos estatutos do Benfica, que foram ontem divulgados e serão apresentados em assembleia geral no dia 23 deste mês.

A nova proposta impõe que os candidatos à presidência de direcção, conselho fiscal e assembleia geral tenham já não cinco, mas sim 15 anos como sócios efectivos, sendo obrigatoriamente os dez últimos ininterruptos. Como os sócios menores não são efectivos, isto significa, na prática, que apenas aos 33 anos alguém se poderá candidatar à presidência dos órgãos sociais, mesmo que seja filiado desde o nascimento. Segundo o Benfica, há 29 mil associados com mais de 15 anos como sócios efectivos.

Os restantes membros da lista serão obrigados a ter dez anos de sócio efectivo, o que, na prática, significa que, na melhor das hipóteses, só aos 28 poderão integrar os órgãos sociais.

Se estas alterações forem aprovadas em assembleia geral, vão impedir que figuras como José Veiga, antigo director-geral do clube, e Bruno Carvalho, candidato nas últimas eleições, possam candidatar-se à presidência do Benfica durante algum tempo. José Eduardo Moniz também poderá ficar na mesma situação. Na última campanha eleitoral, Luís Filipe Vieira acusou o antigo director-geral da TVI de ter ficado 31 anos sem pagar as quotas de sócio. Ora, aos sócios do Benfica é permitido pagar as quotas em atraso e recuperar o número de associado, mas os novos estatutos obrigam os candidatos à presidência a que os últimos dez anos de sócio sejam consecutivos.

João Varandas Fernandes, do movimento que se opôs a Vieira e desafiou Moniz a ser candidato, relega para mais tarde uma reacção a esta mudança. Já Bruno Carvalho considera "ridícula" esta alteração: "O Benfica não é a Venezuela. Não é para mim, mas esta alteração tem um destinatário e os benfiquistas sabem para quem é", acusou o antigo candidato.

A proposta de estatutos foi elaborada por Virgílio Duque Vieira, vice-presidente da assembleia geral, Rui Cunha, vice-presidente da direcção, José Alberto Vieira, vogal do conselho fiscal, Manuel Vilarinho, ex-presidente do clube, José Ribeiro e Castro, ex-vice-presidente, e Manuel Boto, ex-vogal do conselho fiscal.

O regulamento proposto confere ainda mais votos (50) aos sócios com mais de 25 anos de filiação, mantendo-se o actual sistema para os restantes: um voto para quem tem entre um e cinco anos de sócio, cinco votos para os associados entre cinco e dez anos de filiação, e 20 votos para os sócios entre dez e 25 anos de casa.

Entre as outras alterações propostas estão o aumento da duração dos mandatos de três para quatro anos (aplicável só depois de 2012) e a possibilidade de o presidente criar um conselho estratégico, um órgão de consulta que pode ser formado por um máximo de 20 sócios, nomeados pelo presidente. Os membros deste órgão não serão remunerados.

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