TV cubana conta 638 tentativas de assassínio de Fidel Castro
A televisão estatal cubana estreou domingo uma série que narra as 638 tentativas de assassínio que visaram o ex-Presidente do país, Fidel Castro, desde a revolução de 1959.
Intitulada El que debe vivir (Aquele que deve viver, numa tradução literal), a série passa em revista, em horário nobre e ao longo de oito episódios, os ataques planeados e levados a cabo pelos Estados Unidos, avança o diário espanhol El Mundo.
O primeiro episódio, de 70 minutos, incidiu sobre as primeiras tentativas, antes mesmo do triunfo das tropas revolucionárias que derrubaram o então chefe de Estado cubano, Fulgencio Baptista.
Os clips de promoção da série, produzida ao longo de três anos, sublinham que "a vida de Fidel esteve sempre em perigo", e precisam que cada episódio se centra "numa época diferente, narrando pelo menos um plano de atentado que conduz a linha dramática [do enredo]".
Ao longo de quase cinco décadas a CIA lançou mão dos mais diversos estratagemas para eliminar Castro - das mais comuns tácticas aos mais rebuscados e inventivos planos, utilizando agentes altamente treinados.
Praticamente todas as possibilidades de aniquilação foram pensadas, desde bombas a gases tóxicos, a atiradores de elite, charutos explosivos e batidos envenenados - indo até ideias sofisticadas como a pulverização de um estúdio de televisão com o alucinogénio LSD.
Os Serviços de Segurança cubanos sustentam possuir provas de 638 tentativas - muito embora uma comissão do Senado dos Estados Unidos que investigou a questão só reconheça a existência de uns 30 planos.
Logo em Dezembro de 1959, o chefe da divisão do hemisfério ocidental da CIA, J. C. King, redigia um relatório defendendo a necessidade de matar Castro. "Nenhum dos seguidores próximos de Fidel tem a influência hipnótica que ele possui sobre o povo. Muitas figuras competentes concordam que a eliminação física de Fidel acelerará significativamente a queda do governo", escreveu num documento datado de 11 de Dezembro daquele ano.
Na lista daqueles que tentaram matar o líder cubano - que só em 2006 cedeu o poder, hoje nas mãos do irmão mais novo, Raúl - estão também membros de grupos terroristas recrutados em Miami e assassinos a soldo da máfia norte-americana. D.F.