Mulheres são mais resilientes, flexíveis e trabalham melhor em equipa
Executivos de topo acreditam que as trabalhadoras resistem melhor à pressão, algo fundamental para a carreira
As mulheres enfrentam melhor a pressão, têm maior capacidade de resistência, conseguem adaptar-se a novos desafios e são mais flexíveis do que os homens. Para 71 por cento dos executivos de topo entrevistados pela consultora Accenture, num estudo que é divulgado hoje, Dia Internacional da Mulher, esta é uma característica essencial para manter o emprego e subir na carreira.
Apesar de estarem divididos sobre quem tem mais resiliência, a verdade é que são mais os gestores de 35 países (Portugal incluído) que consideram as trabalhadoras "muito" ou "extremamente" resilientes, contra 51 por cento dos inquiridos que atribuem esta característica aos homens.
A velha questão impõe-se: se é assim, porque é que ainda não há equilíbrio no poder? "Falta uma certa mudança cultural, principalmente ao nível dos países latinos. Falta também a concretização de toda uma rede de infra-estruturas de apoio à família", diz Dora Moita, partner da Accenture.
Na União Europeia, as mulheres continuam a ganhar menos 18 por cento por cada hora de trabalho.
Em Portugal a taxa de desemprego entre as mulheres é estruturalmente mais elevada, diz o INE, e apesar de 60 por cento dos diplomados serem do sexo feminino - e de a sua participação no mercado de trabalho atingir um dos níveis mais elevados da UE - em 2009 apenas 15,9 por cento eram "quadros superiores da administração pública, dirigentes e quadros superiores de empresa" e "especialistas das profissões intelectuais e científicas".
A maior parte das cerca de 2,4 milhões de mulheres empregadas exercem uma profissão como "pessoal dos serviços e vendedores" (23 por cento) ou profissões não qualificadas (17,1 por cento).
A participação na vida política tem aumentado: na Assembleia da República, 27,4 por cento dos deputados são mulheres, valor mais elevado do que os 8,7 por cento registados em 1991.
O estudo da Accenture, denominado de Women Leaders and Resilience: Perspectives from the C-Suite, mostra ainda que, apesar da crise, as empresas mantêm programas internos específicos para mulheres. Para impulsionar o desenvolvimento de carreira, cinco em cada dez dos 525 entrevistados referiram ter tutores internos ou programas de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. "Contudo, apenas 24 por cento atribui um tutor às mulheres em início de carreira", lê-se no documento.
Passos em frente
Por cá, Dora Moita diz que há algumas empresas que "já adoptam medidas como a flexibilidade de horário, o recurso ao teletrabalho, o alargamento voluntários da licença parental, suportando o custo, ou que criam rede de creches". A partner da Accenture diz que a resiliência é uma capacidade inata que, de acordo com vários estudos, pode estar mais presente no sexo feminino. "Pode ser cultivada para que tenha uma maior aplicabilidade no mundo profissional", considera.
Na Europa, América do Norte e Ásia Pacífico, os executivos acreditam que os homens têm um comportamento mais confiante do que as mulheres. No trabalho em equipa e na capacidade para trabalhar com vários tipos de pessoas, as mulheres têm vantagem. Mas na América Latina é o contrário: os gestores acreditam que os homens são mais confiantes, trabalham melhor em equipa e são mais proactivos e eficientes.