Ramal da Lousã fechou há apenas um mês e já há quem suspire pelo comboio
Linha está em obras para receber o metro. A CP diz que número de utilizadores do transporte alternativo é idêntico ao do comboio
Um mês depois do encerramento do ramal da Lousã muitos utentes dizem estar satisfeitos com o serviço rodoviário alternativo, mas queixam-se que, nas horas de ponta, a frequência de autocarros devia ser mais elevada. Por causa das obras do Metro Mondego, prevê-se que a centenária linha ferroviária permaneça encerrada nos próximos dois anos, mas há quem não acredite que os prazos sejam cumpridos. "Se for à portuguesa, temo bem que vamos ficar sem comboio ou sem metro ligeiro durante muitos anos", diz Miguel Ramalho, estudante de 22 anos.
Para quem utilizava o comboio há várias décadas, o serviço rodoviário trouxe novas rotinas. Os horários do transporte mudaram, o tempo de viagem aumentou e, às horas deponta, alguns utentes já suspiram pelo comboio. "É diferente. Gosto muito mais do comboio do que do autocarro, sobretudo nas alturas de mais trânsito", sorri Miguel Ramalho, acrescentando estar, ainda assim, "globalmente satisfeito" com o serviço de autocarros.
Fernando Seabra, de 57 anos, concorda. "Até ao momento acho que tem corrido bem. São pontuais, as viagens são confortáveis, há sempre lugares e tenho conseguido fazer a minha vida", diz sentado na paragem de autocarro de S. José. Vive em Coimbra e trabalha na Lousã. Com o autocarro passou a apanhar o transporte 15 minutos mais cedo e, apesar de isso não lhe trazer "grandes transtornos", defende que os horários deviam estar "mais adaptados aos horários de trabalho". "Se as pessoas saem depois das 18h, têm que esperar um bom bocado", lamenta.
As sugestões que têm sido enviadas por utentes levaram a CP - a entidade responsável pelo serviço alternativo - a introduzir alterações nos horários dos autocarros. Mas entre os utilizadores do novo serviço também há quem considere que as coisas não estão a correr bem, sobretudo os utentes mais idosos que se queixam de confusão, nas horas de ponta, nas entradas e saídas dos autocarros. "Como não há lugares marcados, é uma confusão. E eu, que muitas vezes já estou à espera há imenso tempo, nem consigo entrar, porque mete-se tudo à frente. Com o comboio isto não acontecia", lamenta Olinda Ramos, de 82 anos, que pede à CP para adoptar a marcação de lugares.
Segundo a CP, o número de utilizadores do serviço alternativo tem sido sensivelmente o mesmo que o dos utentes do comboio: o serviço rodoviário assegura 3800 deslocações por dia; o comboio contabilizava cerca de 4 mil deslocações diárias. A CP acrescenta que a elevada procura levou ao reforço do serviço rodoviário logo nos primeiros dias, sobretudo durante o período da manhã em Miranda do Corvo e Lousã e, durante a tarde, em Coimbra.