Há material novo que já está degradado, mas o sentimento geral ainda é positivo
Um inquérito realizado, no ano passado, pela Parque Escolar junto de 11 escolas, para avaliar a satisfação do serviço prestado pela empresa, teve como resultado global 4,1 numa escala de 1 a 5. Os resultados mostram que a fase com um maior nível de satisfação foi a de elaboração do projecto, mas que este desce abaixo dos 3,5 na fase de exploração, que corresponde já à vivência nas escolas intervencionadas.
O PÚBLICO contactou pais, directores e professores de oito escolas, das quais quatro já têm as obras concluídas. No geral o testemunho é, ainda, de satisfação, embora também se conclua que, dados os montantes envolvidos, o resultado "poderia ter sido melhor". A disponibilidade da empresa para acudir aos problemas que vão surgindo é elogiada por quase todos.
Na escola Mouzinho da Silveira, em Portalegre, os alunos vieram para a rua em Janeiro, porque o sistema de climatização não funcionava e gelava-se nas aulas. A directora, Arlanda Gouveia, diz que a maioria dos problemas com que a escola se deparava, após a realização das obras, foi de seguida resolvida em três dias. "Não se percebe é como demoraram três meses a fazê-lo", frisa. Fátima Freitas, professora da escola António Sérgio, de Vila Nova de Gaia, "inaugurada" em Janeiro, afirma que naquele estabelecimento sufoca-se nas salas de aulas e fica-se gelado nos corredores. Ao fim de dois meses de utilização, o soalho das "novas" salas de aulas que já estão a funcionar na escola Filipa de Lencastre, em Lisboa, ainda em obras, "já estavam todos riscados", conta o presidente da associação de pais, José Mariz. Do mesmo se queixa Fátima de Freitas, e o director da escola secundária D. Pedro V, em Lisboa. No António Sérgio e na Filipa de Lencastre os puxadores das portas ficam nas mãos de quem as abre. Na D. Pedro V as torneiras não fecham. A escola do primeiro ciclo que pertence ao agrupamento Filipa Lencastre "perdeu", nesta intervenção, a biblioteca e o seu refeitório.
Na escola Avelar Brotero, em Coimbra, o novo piso do ginásio vai ter de ser substituído, porque é "muito abrasivo", conta a presidente da associação de pais, Isabel Salavessa. E os novos laboratórios de ciências e as oficinas desta antiga escola técnica "têm graves problemas de segurança". Na escola Rainha D. Amélia, uma infiltração obrigou ao fecho da escola, mas no próprio dia a Parque Escolar conseguiu encontrar uma solução provisória para o problema, diz a sua directora. A intervenção é elogiada por todos. "Foi uma melhoria fantástica", diz a presidente da associação de pais.
Com todas as escolas com sistema de climatização, as despesas vão aumentar exponencialmente. Na D. Pedro V pagaram, em Dezembro, seis vezes mais do que em igual período do ano passado. De 600 euros a factura de electricidade passou para mais de três mil. O Ministério da Educação já prometeu um reforço dos orçamentos escolares para acudir a estas despesas. Na escola Gil Vicente, em Lisboa, e na Garcia de Orta, no Porto, caíram tectos novos e registaram-se diversas infiltrações.
O docente Paulo Guinote abriu no seu blogue, a Educação do meu Umbigo, um espaço para reclamações sobre as intervenções da Parque Escolar:"O que se percebe de diversos testemunhos é que tudo parece ser feito muito à pressa, nem sempre com os materiais mais adequados e de um modo algo atabalhoado, para cumprir um qualquer calendário que está para além dos interesses das escolas. "