Salvador Caetano avança com divisão da herança
Salvador Caetano deixou ontem a presidência da Toyota Caetano Portugal e anunciou ter vendido ou doado a dois filhos a quase totalidade da posição na empresa. Trata-se de mais um passo no processo de divisão da herança do homem que, nos anos 1970, trouxe para Portugal a marca japonesa de veículos automóveis.
Num comunicado colocado ontem no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Toyota Caetano revela que o fundador do grupo e a esposa renunciaram aos cargos que ocupavam na administração - presidente e vogal, respectivamente.
José da Silva Ramos, genro de Salvador Caetano, passou a ser o presidente da companhia e para os dois lugares vagos foram cooptados Miguel Pedro Caetano Ramos, neto do fundador, e Rui Noronha Mendes.
As alterações nos órgãos sociais vêm formalizar uma situação que já existia de facto. Há alguns anos que Salvador se afastara da condução executiva dos negócios devido a um débil estado de saúde, cabendo ao genro o exercício efectivo dessas competências.
Num outro comunicado, Salvador Caetano e a esposa anunciam que passaram para dois filhos a quase totalidade da participação na empresa - 60,72 por cento. Após estas operações, o fundador do grupo ficou com uma posição ligeiramente inferior a 4 por cento do capital.
A repartição desta parte da herança de Salvador Caetano foi feita em duas modalidades. A uma sociedade que é detida pelos dois filhos, a Marsac, foi vendida uma participação de 20,24 por cento. Os restantes 40,48 foram doados em partes iguais a esses dois filhos, Maria Angelina Caetano Ramos e Salvador Acácio Caetano. O restante capital desta firma que agrega o negócio industrial e da representação automóvel Toyota está nas mãos dos japoneses e disperso em bolsa.
Em Janeiro, Salvador Caetano tinha alienado, em favor da filha mais nova - Ana Maria Martins Caetano - a posição accionista (cerca de 11 por cento) que mantinha no capital da construtora nortenha Soares da Costa.
O grupo fundado por Salvador Caetano envolve várias empresas na área do retalho automóvel, das montagens de autocarros, produção de componentes e tecnologias de informação. Em relação a este universo, não é conhecida a sua repartição pelos três herdeiros, porque as empresas não são cotadas e não estão obrigadas à divulgação deste tipo de informação.