História da Pelcor
Da rolha de champanhe para a alta-costura
Tudo começa nos anos 30, com um avô corticeiro. O filho, César Correia, ex-árbitro de futebol, deu continuidade ao negócio e descobriu que um bom champanhe tinha que ter uma boa rolha. Há sete ou oito anos, a crise económica trocou-lhe as voltas à vida empresarial e Sandra Correia, neta do velho corticeiro, fez das dificuldades oportunidades. Agarrou na história e na tradição da família e decidiu criar uma empresa no sector da moda - a Pelcor. E assim nasceu a "pele de cortiça", que já veste e calça muita gente pela mundo, desde os Estados Unidos à Rússia, passando pela Suécia e Noruega. O "tecido", aveludado, de cor de epiderme bronzeada, tem apenas dois milímetros de espessura.
As comemorações da entrada no ano 2000 representam, simbolicamente, o ano de viragem da empresa da família Correia. O acontecimento prometia festa rija e os produtores de champanhe francês fizeram grandes encomendas de rolhas. "Os preços da bebida subiram, mas o consumo foi menor que o esperado, e a seguir ficámos com grandes stocks", recorda Sandra Correia. "Por que não fazemos algo de novo?", perguntou a neta de António Correia ao pai, em jeito de desafio. A formação académica, na área do Marketing e Comunicação Empresarial, levou-a em busca da "novidade", olhando para as antigas peças de cortiça. Da pesquisa que fez, concluiu que a aplicação da cortiça era muito limitada, para as potencialidades que apresentava. Em termos de peças e acessórios, conta, "o que se fazia era tudo muito rústico", recorda. Daí a necessidade de criar "algo" mais elaborado, recorrendo ao design. O primeiro produto, apresentado como um compromisso entre a tradição e a inovação, foi um guarda-chuva.
O conhecimento para a concepção da "pele de cortiça" foi adquirido com o fabrico das rolhas para o champanhe das afamadas marcas Moet et Chandon e Don Perignon, produzidas em São Brás de Alportel há mais de 20 anos.