Mudar, o livro de Passos Coelho, é uma análise do país e também o seu farol para o partido

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Pedro Passos Coelho lançou ontem em Lisboa o seu livro Mudar Raquel Esperança

Mais do que a apresentação de um livro, foi um contar de espingardas e o tiro de partida oficial para a candidatura à liderança do PSD. Pedro Passos Coelho lançou ontem em Lisboa o seu livro, intitulado Mudar, perante uma sala cheia de sociais-democratas tanto da política como da cultura, mas nem por uma vez mencionou o nome do partido - excepto nas declarações aos jornalistas.

No livro, Passos Coelho faz uma análise dos actuais problemas do país - que se encontra "numa das maiores encruzilhadas da sua história moderna", avisa logo na primeira frase -, mas também do seu partido e apresenta as bases da sua estratégia para Portugal. O discurso da apresentação de Passos Coelho foi recheado de recados indirectos de dupla leitura, em simultâneo para o país e para o partido. Falou na falta de diálogo em geral, da necessidade de unir os portugueses, de partilhar as decisões e as suas justificações, e de haver pessoas como as da sua geração - a "geração da mudança", como lhe chamou o historiador Rui Ramos - que "questionam e não se importam de ser incómodas".

Sobre a situação actual, alertou para a necessidade de se estudar a fundo os grandes investimentos, numa crítica clara a Ferreira Leite: "Como é possível negociar um orçamento trocando os próximos 30 anos por uma aparente estabilidade política em 2010?" Se fosse ele, faria depender a sua aprovação da suspensão desses projectos.

Apontou que as dificuldades macro-económicas nasceram também da falta de políticas, defendeu um Estado isento - onde público e privado coabitem - que inspire confiança nos cidadãos. "Mudar é o que precisamos de fazer todos em Portugal", disse. "Espero que o PSD possa fazer uma mudança muito grande porque precisa dela e o país precisa que o PSD mude", havia declarado à entrada para a Gare Marítima de Alcântara.

Entre as cerca de três centenas de pessoas presentes estiveram figuras como o líder parlamentar José Pedro Aguiar Branco - em resposta a um "convite pessoal", mostrando que "no PSD não há guerra civil, mas sim discussão de ideias", e no fim até disse que Coelho "é seguramente um bom candidato à liderança" -, o deputado Miguel Frasquilho, Mota Amaral, Mira Amaral, Paula Teixeira da Cruz - que não escondeu o apoio a Coelho, que considera "uma boa solução" por estar a delinear "um projecto para o partido e para o país" -, Fernando Ruas, Miguel Relvas, Ângelo Correia, António Nogueira Leite, Marco António Costa e Carlos Carreiras (respectivamente líderes das distritais do Porto e de Lisboa) e até Nuno da Câmara Pereira e Medina Carreira.

À noite, na Grande Entrevista da RTP1, Passos Coelho criticou as "glórias passadas" e os presidentes do PSD "que acabaram por desistir e abandonar o partido". E contou por que desafiou Marcelo Rebelo de Sousa a candidatar-se: "Na noite das eleições, [o professor] disse que o PSD teria que arranjar maneira para que eu não fosse presidente do partido, o que para uma pessoa que abandonou o PSD em vésperas de eleições é uma coisa muito pouco própria para dizer." Sobre Sócrates disse que "tem sido um bom socialista a governar, mas o caminho que tem trilhado tem sido mau para Portugal".

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