Custo da dívida portuguesa dispara com efeito de contágio da Grécia
O diferencial de taxas de juro subiu para o nível mais alto desde Abril do ano passado
Os mercados internacionais voltaram ontem a mostrar o seu nervosismo e desconfiança em relação às emissões de dívida pública portuguesa. O intervalo entre as taxas de juro exigidas pelo mercado para emprestar dinheiro ao Estado português por um prazo de dez anos e a média do resto da zona euro subiu de 100,7 para 112,6 pontos percentuais durante o dia de ontem, o que coloca este indicador no valor mais alto desde Abril do ano passado e o volta a aproximar do máximo de 176 pontos que foi atingido no auge da crise financeira internacional, em Fevereiro de 2009.
Neste cenário, qualquer emissão de dívida pública realizada por Portugal arrisca-se a ser feita a uma taxa de juro mais elevada. Ontem, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público emitiu bilhetes de tesouro a um ano, garantindo um financiamento de 1250 milhões de euros a uma taxa de juro média de 0,928 por cento. Em Novembro, com o mesmo instrumento, Portugal tinha conseguido assegurar 1500 milhões de euros a uma taxa média de 0,862 por cento.
A desconfiança dos mercados em relação a Portugal parece estar directamente relacionada com o que se passa com a Grécia. No caso grego, o cenário é bastante mais grave. O diferencial de taxas de juros face à média europeia aproximou-se ontem dos 300 pontos, o máximo que tinha sido atingido em Fevereiro do ano passado. Apesar da garantia de um futuro de austeridade feita por Atenas, mantêm-se os receios de um agravamento da conjuntura na Grécia que torne ainda mais difícil ao Governo respeitar os compromissos que assumiu com os credores.
Para Portugal, o mais preocupante é que os mercados, apesar de colocarem o risco grego a um nível muito mais elevado do que o português, parecem estar a fazer uma associação entre os dois paises, já que sempre que as taxas da dívida grega disparam, acontece o mesmo a Portugal. Neste momento, o diferencial de taxas de juro português já é consideravelmente mais elevado do que o espanhol e o italiano, algo que não acontecia no final do ano passado.