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Bruno "Pidá" e cúmplices condenados a 87 anos de prisão

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"Pidá" foi ontem condenado a 23 anos de cadeia FERNANDO VELUDO/

Juízes concluem que homicídio de Ilídio Correia foi uma emboscada e que só o acaso impediu mais vítimas

Bruno Pinto ("Pidá") foi ontem condenado a 23 anos de cadeia pelo homicídio qualificado de Ilídio Correia e por outras cinco tentativas de assassinato ocorridas durante a vaga de violência na noite do Porto, no segundo semestre de 2007. Três cúmplices do líder do bando da Ribeira (Mauro Santos, Fernando Martins e Ângelo Ferreira) também foram alvo de pesadas penas: o primeiro a 22 anos e os outros dois a 21 anos.

O colectivo considerou não ter ficado provada a identidade do quinto elemento do grupo que disparou quatro armas de fogo, na madrugada de 29 de Novembro de 2007, alvejando Ilídio Correia e outras pessoas que o acompanhavam, junto aos Arcos de Miragaia, no Porto. E absolveu Fábio Barbosa, que estava acusado de envolvimento na emboscada que só o acaso impediu de ter um desfecho mais dramático, frisa o colectivo. Segundo o acórdão, na origem dos confrontos entre os grupos de Miragaia e da Ribeira não esteve apenas um desaguisado entre os respectivos líderes, Natalino Correia e Bruno Pinto, na discoteca La Movida, na zona industrial do Porto. Esse episódio "é só a ponta visível de um iceberg, onde o mais significativo é o que se não revelou e que estará relacionado com "negócios" e domínios associados" aos lugares de diversão nocturna. Os juízes acentuam que o domínio é exercido pela força, através da "posse de armas de fogo que, sem pejo e sem motivo, se empunham e usam quando se pretende matar pessoas". A propósito, o colectivo lembra que "Pidá" se exibia na sua página de Hi5 na Internet empunhando uma arma de fogo.

Dois inquéritos pendentes

Familiares das vítimas estiveram ausentes da leitura do acórdão, após três irmãos de Ilídio Correia terem sido expulsos da sala na penúltima das 19 sessões do julgamento, pela juíza-presidente Manuela Paupério. Amigos e parentes dos condenados abandonaram a sala de audiências criticando alto e bom som a decisão. No exterior, Luís Vaz Teixeira, que defendeu "Pidá", classificava de exagerada a punição e dizia que os quatro arguidos tinham sido colocados no local por testemunhas ligadas ao grupo de Miragaia. Alguns deles foram recentemente acusados de sequestro, extorsão e coacção. Sónia Carneiro, advogada de acusação neste caso e de defesa de alguns arguidos do processo do grupo de Miragaia, disse ontem ao PÚBLICO que vai requerer a instrução do libelo deduzido pela equipa coordenada pela procuradora Helena Fazenda. Quanto ao acórdão anunciado ontem, Sónia Carneiro considerou a decisão em conformidade com a prova produzida.

A equipa de magistrados e de investigadores coordenada por Helena Fazenda tem ainda pendentes dois inquéritos. O que estará mais adiantado é o que está a tentar esclarecer o homicídio de Aurélio Palha, assassinado junto à entrada da discoteca Chic, em meados de Agosto de 2007. Nesse atentado escapou ileso o segurança Alberto Ferreira, que seria executado, no início de 2008, junto à sua residência em Gaia. De um carro de gama alta saiu um indivíduo empunhando uma mini-Uzi, que alvejou o segurança. Este caiu inanimado e voltaria a ser atingido por nova rajada pelo "matador", que se pôs em fuga. A autoria desta execução pode ajudar a recortar as fronteiras do iceberg de que fala o acórdão.

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