O efeito de uma "ciclogénese explosiva"
Anemómetros e radares ajudam a reconstituir
"Ciclogénese explosiva" é o termo aplicado pelo Instituto de Meteorologia para o que aconteceu na madrugada de 23 de Dezembro na região do Oeste e que explica, para a EDP, as 125 avarias em linhas de média tensão, os mais de 100 postes de rede de alta e média tensão partidos, os mais de 600 postos de baixa tensão partidos e os cerca de 120 quilómetros de linha de baixa tensão também destruídos. Para os habitantes, agricultores e industriais dos concelhos de Torres Vedras, Cadaval, Alenquer, Mafra, Lourinhã, Caldas da Rainha, Santarém, Rio Maior, Sobral de Monte Agraço, Peniche e Azambuja, a ciclogénese mede-se na destruição dos seus bens e no tempo de interrupção do fornecimento dos serviços públicos. No caso da EDP, a empresa garante ter reposto 97 por cento do fornecimento até às 20h00 do dia seguinte.
Elementos preciosos nesta discussão acabaram por ser os anemómetros das torres eólicas, aparelhos de medição do vento instalados no topo, e o radar doppler do Instituto de Meteorologia (IM). Os mais de 190 quilómetros horários de vento detectados na serra Todo o Mundo, pelos anemómetros, foram reforçados pelas observações retiradas a partir do radar, que chegou a 220 km/h. O turbilhão contra as regras e fora das previsões teve origem, segundo o IM, numa diminuição acentuada da pressão atmosférica. O que daí resultou foi comparável a um furacãozinho, dado o pico máximo de vento ter ocorrido por segundos, enquanto por exemplo dois fortes ciclones tropicais registados nos EUA em 2008, o Dolly e o Ike, tiveram ventos de 140 e 217 km/h que se mantiveram dias seguidos. L.F.