Logo no primeiro segundo de "Broke Up By Night", a faixa inaugural do disco, surge a voz de Richard Youngs. É nela que, à semelhança do que Youngs tem vindo a fazer nos seus discos com maior difusão, se vai centrar "Under Stellar Stream". Se em "Autumn Response" (2008) a voz surgia acompanhada de guitarra acústica, desta vez o órgão e o piano cumprem essa função. O resultado é um disco ainda mais despido e concentrado no que tem sido o essencial no trabalho recente de Youngs: estruturas repetitivas e circulares, com mudanças subtis, seguindo a tradição minimalista.
Ouça-se "Arise Arise": duas notas de piano, um órgão mortiço ao fundo, Youngs a repetir uma construção frásica ("Arise the chorus/Arise the voice/Arise on time/Arise procrastination"). "My Mind Is In Garlands", outro ponto alto, também se faz de piano mínimo, a mesma fixação com a repetição de palavras ("My mind is in..."). É este o padrão do disco: Youngs em torno de umas palavras, sobre um fundo instrumental esparso, como se uma oração se tratasse. Sem distracções, as palavras ganham peso, densidade poética e uma beleza rara. "Broke Up By Night" e "The Bells of Spring" são os momentos que mais fogem ao padrão, sem, porém, criarem uma ruptura num disco nocturno e reflexivo. Richard Youngs tem em "Under Stellar Stream" mais um momento alto da sua arte, caso singular de expressividade emotiva na música experimental.