Associação considera "erro grave" transferência do Museu de Arqueologia para a Cordoaria
A direcção da associação foi recebida segunda-feira em audiência pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, a quem apresentou diversas questões relacionadas com a salvaguarda e investigação do património arqueológico e com a situação profissional dos especialistas do sector.
Em declarações à Agência Lusa, o presidente da direcção da Associação de Arqueólogos Portugueses (AAP), José Morais Arnaud, saudou a "postura de diálogo aberto e franco" da nova ministra da Cultura, que gerou "grande expectativa" para o futuro. Porém, a direcção da AAP foi confrontada com a intenção da nova tutela em manter a decisão "injustificada, despesista e, do ponto de vista técnico, muito negativa" de transferir o museu da ala sul do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, "onde se encontra há mais de cem anos", para a Cordoaria Nacional, na Junqueira.
"É um erro grave porque implica uma despesa enorme. Além disso, o edifício da Cordoaria encontra-se numa zona de elevado risco sísmico, é um local de difícil acesso e tem dificuldades de estacionamento", argumentou José Morais Arnaud.
Com esta deslocalização, o presidente da AAP considera que os visitantes do museu "vão decerto diminuir", e defende que "faria mais sentido e seria mais barato a criação de um edifício de raiz" para o museu que acolhe um acervo do património arqueológico do país.
A anterior tutela, liderada por José António Pinto Ribeiro, tinha anunciado no início deste ano a saída do Museu Nacional de Arqueologia para permitir a expansão do Museu de Marinha, tutelado pelo Ministério da Defesa, decisão que veio gerar polémica e foi até alvo de uma manifestação em Lisboa, também contra o novo museu dos Coches.
A AAP comunicou ainda à ministra da Cultura preocupações relativas aos serviços do antigo Instituto Português de Arqueologia, extinto há três anos, nomeadamente no destino a dar aos laboratórios, arquivo e biblioteca de arqueologia.
De acordo com o presidente da entidade, outras questões focadas no encontro com a tutela foram as da urgência na regulamentação da Lei do Património no que diz respeito à punição da destruição de bens patrimoniais, e do futuro modelo de gestão do centro de interpretação do Vale do Côa.