Há 32 agrupamentos de centros de saúde sem nutricionista

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O objectivo era que houvesse um nutricionista nos 68 agrupamentos de centros de saúde Carla Carvalho Tomás (arquivo)

O objectivo era que houvesse um nutricionista nos 68 agrupamentos de centros de saúde (ACES) este ano para aproximar Portugal dos números da Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo os quais o país tem apenas um quinto dos profissionais de que necessita. O objectivo é combater e prevenir doenças como a obesidade e a diabetes.

Mas, segundo os últimos dados da Associação Portuguesa de Nutricionistas, ainda existem 32 ACES sem nutricionista. Nos centros de saúde de Santarém não há nenhum profissional destes e nos de Lisboa, Évora, Beja e Portalegre há apenas um.

Fonte oficial do Ministério da Saúde (MS) adiantou que existem actualmente cerca de “80 nutricionistas nos cuidados de saúde primários”, prevendo que estes “números subam significativamente no âmbito do programa de estágios da Administração Pública”. Segundo o MS, estes profissionais deverão começar a actividade no segundo trimestre de 2010.

A APN alerta que pode haver alguns centros de saúde que têm profissionais a trabalhar nesta área, mas “não são detentores da licenciatura em Ciências da Nutrição e, portanto, não possuem esta profissão”. Para a presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, Alexandra Bento, os números ainda estão “muito aquém do necessário”, lembrando que a proposta feita pela APN ao Ministério da Saúde é de “um rácio de um nutricionista para cada 20 mil habitantes”.

No entanto, Alexandra Bento salientou o esforço que tem sido realizado: “Muitas vezes, quando não é possível alcançar o excelente, vamos por passos e o irmos por passos já é a demonstração de um caminho”. “Em 2007, havia 52 nutricionistas nos cuidados de saúde primários, este ano, em Maio, eram 75”, disse, comentando que foi “um incremento em dois anos, mas ainda é manifestamente insuficiente”.

Alexandra Bento lembrou a promessa do secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, de, pelo menos, um nutricionista em cada agrupamento, comentando que “é um número mínimo desejável numa demonstração da necessidade de traçar um caminho para o futuro”. Para a nutricionista, a falta de verbas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a “grande questão” para o problema ainda não ter sido solucionado. Na sua opinião, a população está mais sensibilizada para o problema da obesidade, que continua a crescer em Portugal, assim como as doenças que lhe estão associadas.

Alexandra Bento não tem dúvidas de que parar o crescimento da obesidade já é um ganho em saúde” e que para isso é preciso apostar ainda mais na prevenção da doença. “Não tenho dúvidas de que se houvesse nutricionistas em todos os centros de saúde seria possível parar esta doença”.