Exército britânico recorreu ao waterboarding
Alguns antigos prisioneiros republicanos do IRA têm vindo a contar que a controversa técnica - em que se simula o afogamento, inclinando a cabeça do prisioneiro para trás e lançando-lhe água por cima - era utilizada como castigo e como meio de pressão para extrair confissões.
A história foi agora confirmada pela última pessoa que no Reino Unido foi condenada à morte por enforcamento: Liam Holden, que em 1973 foi considerado culpado pela morte do soldado pára-quedista Frank Bell, em Setembro do ano anterior.
A pena capital, decretada em grande parte com base numa confissão não assinada, viria a ser comutada em prisão perpétua, pelo que Holden passou 17 anos atrás das grades.
Só agora é que a Criminal Cases Review Comission (CCRC) passou o assunto ao tribunal de recursos de Belfast, depois de terem surgido novas provas de que o homem não mentia quando dizia que a confissão lhe fora arrancada por pára-quedistas que lhe colocaram uma toalha sobre o rosto e depois lançaram água de um balde, sobre o nariz e a boca.
Aquela comissão crê ser possível que a sentença venha a ser anulada, quando no próximo ano os juízes se debruçarem sobre o assunto, quase quatro décadas volvidas sobre o dia em que Holden foi detido na zona ocidental de Belfast, quando tinha apenas 19 anos e iniciava uma carreira de cozinheiro.
O relato feito por este católico da Irlanda do Norte do que lhe aconteceu é semelhante aos que têm surgido desde que a agência norte-americana de serviços secretos, a CIA, começou a usar técnicas de waterboarding no interrogatório de indivíduos suspeitos de pertencerem à rede terrorista Al-Qaeda.
O diário britânico "The Guardian" contou segunda-feira ter sido identificado um segundo homem que fez um relato semelhante ao de Holden: provocaram-lhe a sensação de afogamento depois de ter sido detido por detectives da Irlanda do Norte e interrogado sobre o assassínio de um polícia.