Presidente acompanha de "muito perto" situação do país, mas recusa deixar-se arrastar para lutas partidárias
Interrogado sobre os apelos para uma intervenção sua em caso do ambiente de conflitualidade entre Governo e oposição continuar, Cavaco Silva não respondeu directamente, mas lembrou que o chefe de Estado tem competências específicas, diferentes daquelas que são confiadas ao Governo.
“Já no outro dia tive ocasião de falar sobre aquilo que são as competências do Presidente da República e na esperança que eu coloco nos entendimentos entre forças políticas na Assembleia da República”, afirmou o Presidente da República, que falava aos jornalistas no final de uma visita à Associação para a Educação de Crianças Inadaptadas, em Runa, Torres Vedras.
Sublinhando que o chefe de Estado deve deixar ao Governo aquilo que é da sua exclusiva competência, Cavaco Silva voltou a recusar entrar em lutas partidárias.
“O Presidente da República deve deixar ao Governo aquilo que é da sua exclusiva competência e deve deixar à oposição aquelas actividades que lhe são próprias e não procurar interferir, não deixar arrastar-se para combates de natureza político-partidária”, referiu.
Cavaco Silva acrescentou, contudo, que todos os portugueses sabem que acompanha de “muito perto a evolução da economia portuguesa e as suas consequências sociais”.
“Mas tenho que saber aquilo que devo e que não devo fazer, o que devo dizer e aquilo que não devo dizer. Mas, os portugueses podem estar certos de que eu estou a acompanhar, e a acompanhar de muito perto, toda a situação portuguesa nos mais variados domínios”, enfatizou.
O Presidente da República lembrou ainda que se realizaram eleições há pouco tempo, reiterando que, tal como afirmou na tomada de posse no novo Governo, este tem “toda a legitimidade para governar”.
“E, até numa ocasião recente, recordei outros Governos minoritários, não apenas aquele a que eu presidi, mas um Governo de seis anos, que foi presidido pelo engenheiro Guterres”, disse.