Importamos quatro vezes mais cultura do que aquela que exportamos
“Livros, brochuras e impressos semelhantes” foram os principais bens exportados, com os países africanos de expressão portuguesa, a União Europeia e o Brasil a serem os compradores dominantes (88 por cento do total). O valor destas exportações, de acordo com o INE, atingiu os 47,8 milhões de euros.
No segundo lugar dos bens enviados para o exterior contam-se os “objectos de arte, de colecção ou antiguidades”, cujas vendas ascenderam a 8,9 milhões de euros.
Mas, culturalmente, Portugal é um país que compra muito mais do que vende. “Jornais e publicações periódicas”, bem como “livros, brochuras e impressos semelhantes” constituíram o grosso das aquisições com, respectivamente, 32 e 22 por cento da totalidade. Seguem-se os “objectos de arte, de colecção e antiguidades”, com 14 por cento, os quadros, pinturas e desenhos”, com dez por cento, e os instrumentos musicais, cujas aquisições ascenderam aos oito por cento.
Tal como acontece em relação às exportações, também a União Europeia e o Brasil constam como os principais locais de proveniência das importações.
O estudo do INE faz também uma referência à participação cultural dos portugueses. Desta feita os números disponíveis são de 2007 e dizem que 45,2 por cento dos cidadãos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos tinham ido pelo menos uma vez ao cinema. Os que assistiram a um filme pelo menos uma vez por mês foram apenas 6,7 por cento.
No ano passado estavam contabilizados 182 recintos de cinema em Portugal, os quais exibiram 740 filmes (234 em estreia). Acorreram a esses locais 16 milhões de espectadores e as receitas de bilheteira quase atingiram os 69 milhões de euros.
O montante angariado no cinema é, portanto, bem mais significativo do que obtido nas salas de teatro, as quais se ficaram pelos 11 milhões de euros.
Os espectáculos ao vivo também captaram, de algum modo a atenção dos portugueses, uma vez que 58 por cento dos inquiridos confirmaram ter ido, pelo menos uma vez, ao teatro, a um concerto, a uma ópera ou a um espectáculo de bailado ou dança. Os que foram pelo menos 12 vezes no ano foram somente 3,4 por cento.
A prática de actividades culturais é algo que parece muito distante dos hábitos dos portugueses, pois apenas 7,2 por cento confirmaram ter participado em actividades que envolveram canto, dança, representação ou música. Mais simpatizantes tiveram a fotografia, os filmes e os vídeos, que reuniram 25,3 por cento de preferência. A prosa, a poesia e os contos foram responsáveis por 5,9 por cento das actividades culturais desempenhadas e a pintura, desenho, escultura ou desenho gráfico, que representaram 7,9 por cento.
Os hábitos de leitura continuam um pouco distantes dos portugueses. Foram 43,7 por cento os que leram, por lazer, um só livro durante um ano. Os que leram pelo menos 12 livros no ano inteiro perfizeram 4,6 por cento.
Os números dos livros são, no entanto, mais elevados que os dos jornais. É que estes tiveram apenas uma percentagem de 40,7 de leitores diários. Quase 33 por cento disseram ser leitores semanais e 7,4 por cento afirmaram que só leram um jornal uma vez por mês. Mais de 13 por cento dos inquiridos confessaram não ter lido um único jornal durante 2008.
Quanto aos gostos dos portugueses relativamente a visitas, constata-se que os museus, os jardins zoológicos, os jardins botânicos e os aquários, num total de 321, tiveram 11,6 milhõe4s de visitantes. Os zoológicos, os jardins botânicos e os aquários reuniram 28 por cento das preferências. Seguiram-se os museus de arte, com 21,9 por cento, os museus de História, com 17,7 por cento e os museus especializados, com nove por cento.
Os números gerais da adesão dos portugueses ás actividades culturais passam, também, pelo financiamento que essas mesmas actividades tiveram. O INE concluiu que as câmaras municipais do país investiram no sector cerca de 526 milhões de euros, o que representou um acréscimo de 7,5 por cento face a 2007. Os maiores aumentos do investimento verificaram-se na Madeira (mais de 80 por cento), no Alentejo (mais de 14 por cento) e em Lisboa (mais de oito por cento). Os açores e o Algarve, refere o estudo, desinvestiram, respectivamente, 6,7 e 3,3 por cento.