Auto de Gil Vicente regressa ao convento da Madre de Deus, em Lisboa
O auto, que é interpretado às 19h00 do dia 17, conta a história da bela sibila Cassandra, protegida do deus Apolo, que se recusa casar com o Rei Salomão pois deseja manter-se virgem e acredita que o casamento só lhe dará desgostos.
O auto, explicou a directora do Museu Maria Antónia Pinto de Matos, foi representado no Convento, na corte da Rainha D.ª Leonor, viúva de D. João II, "onde confluía a melhor intelectualidade do país".
Neste texto Gil Vicente cruza as tradições das culturas clássica, judaica e cristã, pois além de Salomão, Sebila e Apolo, são invocados os profetas do Antigo Testamento - Abraão, Moisés e Isaías - e as tias sibilas Eruteia, Peresica e Ciméria.
A leitura do auto natalício é uma parceria entre o Museu, o Teatro Nacional D. Maria II e a Escola Superior de Teatro.
Após a apresentação do auto, coordenada por Álvaro Correia e com dramaturgia de Maria João Brilhante, seguir-se-á uma visita-guiada à exposição "Casa Perfeitíssima" que celebra os 500 anos de fundação do Convento pela Rainha.
A exposição apresenta várias peças do espólio conventual que se encontram à guarda de outras instituições como o Patriarcado, Museu de Arte Antiga e Biblioteca Nacional.
Estão expostas as bulas papais, o sudário oferecido à rainha pelo imperador Maximiliano que também lhe ofereceu as relíquias de Santa Auta e a tela "Vista de Jerusalém" e outros objectos de arte ligados à instituição monástica que seguia a regra franciscana das clarissas.
Esta "Noite de Natal" termina com a actuação do Coro do Laboratório Nacional de Engenharia Civil na Igreja que integra o edifício.
O coro, fundado em 1985, interpretará canções alusivas à época natalícia de autores como Lopes-Graça, Güstav Holst, Van Berchen, Irving Berlin ou D. Pedro Cristo.