O que têm em comum o ciclismo e a Fórmula 1?

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A Team Sky contratou Bradley Wiggins, a nova coqueluche do ciclismo britânico Charles Platiau / Reuters

O ciclismo é tido como um desporto simples, baseado num binómio homem-bicicleta, com a premissa óbvia de que o melhor na estrada será o melhor no pódio. Mas a tradição já não é o que era: o ciclismo mudou, rendeu-se às estratégias de equipa, às comunicações internas, às bicicletas de fibra de carbono, à utilização de túneis de vento, aos campos de treino. Sob o mote de atrair mais adeptos, proporcionando mais emoção, a modalidade reinventou-se e aderiu às novas tecnologias. E o último pequeno grande passo do ciclismo tem a assinatura da Team Sky, numa parceria com a McLaren.

Ciclismo versão Fórmula 1 era algo que não esperávamos (mesmo que Fabian Cancellara tantas vezes nos tenha levado a fazer essa associação), mas não podemos dizer que o acordo de colaboração da equipa britânica com a divisão tecnológica da McLaren (MAT) nos tenha surpreendido. Naquela que é a sua primeira época entre a elite do pelotão velocipédico, a equipa britânica não tem poupado esforços (contratou Bradley Wiggins, a nova coqueluche do ciclismo nacional), nem meios (tem um orçamento de 30 milhões de euros, assegurado pela rede de televisão digital British Sky Broadcasting, até 2013) para garantir a presença no Tour.

O acordo terá duas vertentes: a McLaren compromete-se a ceder à Sky as suas instalações em Woking, incluindo o túnel de vento onde se realizaram os testes do carro com que Lewis Hamilton foi campeão do Mundo em 2008, e a partilhar todos os últimos progressos no automobilismo, ao nível da telemetria, simulação e aerodinâmica.

Mas a grande inovação da parceria será o design do equipamento da Team Sky. Responsável pelos "fatos" que deram à selecção britânica de pista oito medalhas nos Jogos Olímpicos de Pequim, a MAT desenvolverá um novo conjunto de equipamentos, recorrendo à mais recente tecnologia de ponta, que será estreado pelos corredores no Tour Down Under, a primeira prova do ano, onde poderemos confirmar se a aplicação da Fórmula 1 ao ciclismo tem resultados práticos.

UCI contraria modernizaçãoNão deixa de ser irónico que, enquanto as principais equipas investem na tecnologia, a União Ciclista Internacional (UCI) esteja a seguir o caminho oposto. A teimosia do órgão máximo do ciclismo mundial quanto à proibição do uso de auriculares, testada com maus resultados na última Volta a França (boicote da etapa, ameaças de greve, críticas e mais críticas), deu finalmente resultado.

Entre 2010 e 2012, as comunicações internas nas equipas serão abolidas, sendo as três grandes do calendário as últimas provas onde a medida será aplicada. A partir de 1 de Janeiro, os auriculares serão proibidos nas provas de categoria 2, assim como nas provas nacionais e nos Mundiais. Com a promessa de novas greves na agenda dos ciclistas.

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