Sócrates: “Estamos indisponíveis para ajustes de contas e para destruir”
“Estamos disponíveis para negociar, mas não estamos disponíveis é para aqueles que, não querendo negociar, a única coisa que procuram é ajustar contas com o passado”, declarou o secretário-geral do PS. José Sócrates falava no Parque das Nações, na Feira Internacional de Lisboa, perante algumas centenas de militantes socialistas da Federação da Área Urbana de Lisboa.
Na mesma lógica de advertência às forças da oposição, o líder socialista salientou que o seu Governo “está disponível para negociar soluções de futuro e encontrar melhores soluções num clima de diálogo”. “Mas nós não estamos disponíveis é para o diálogo político que se centra apenas na necessidade destruir o que foi feito e ajustar contas com o passado”, afirmou, recebendo uma prolongada salva de palmas dos militantes socialistas.
Num discurso que durou mais de 40 minutos, sempre feito de improviso, José Sócrates referiu-se ao quadro de governabilidade actual, depois de o PDS não ter repetido a maioria absoluta nas últimas eleições legislativas. “O PS não teve maioria absoluta, mas os portugueses deram-nos um mandato bem claro para governar. Ninguém tem dúvidas sobre a natureza do resultado das eleições em Portugal: os portugueses querem que seja o PS a governar”, vincou o líder do Executivo.
Neste contexto, o secretário-geral do PS salientou que, com maioria relativa no parlamento, o seu partido deverá procurar “o consenso, o compromisso e a negociação”. “Foi isso que fiz imediatamente a seguir à eleições. Perguntei a todos os partidos [da oposição] sobre a disponibilidade que tinham para construir soluções de compromisso, de negociação, que permitissem contribuir para a estabilidade política, mas de nenhum desses partidos veio uma resposta positiva”, observou.
Em concreto, o secretário-geral do PS aludiu à forma como o Governo e os deputados socialistas aceitaram negociar alterações ao modelo de avaliação dos professores, “a primeira em 30 anos, que foi séria e com consequências”.
“Beneficiando da experiência desta avaliação, podemos melhorá-la, mas não estamos disponíveis para dialogar e conversar sobre uma única questão com aqueles que apenas queriam na Assembleia da República suspender e parar a avaliação. Se, em Novembro, a oposição tivesse aprovado as suas leis, parando a avaliação dos professores, como é que se poderia dizer aos professores avaliados com excelente e com muito bom que, afinal de contas, isso não tinha servido para nada?”, questionou ainda Sócrates na sua intervenção.