Órgão de S. Nicolau volta a ouvir-se amanhã

O órgão, explicou o organeiro, "é um instrumento misto", na medida em que a caixa é da primeira metade do século XVIII e o mecanismo da segunda metade, tendo sido restaurado no século seguinte, quando lhe foi colocada uma trombeta real e uma corneta. "A intervenção no século XIX colocou o órgão ao gosto da época e foi este restauro que eu segui", afirmou Dinarte Machado.

Instalado na igreja de S. Nicolau, na baixa lisboeta, após o terramoto de 1755, o órgão foi a caixa da oficina de António Xavier Machado Cerveira e o mecanismo de Bento Fontanes.

"Trata-se em todo o caso de um instrumento que se inscreve na escola nacional organística", disse João Vaz, que é o organista encarregue do concerto inaugural, em que participa também a soprano Ana Ferraz.

Dinarte Machado disse à Lusa que a intervenção que fez "respeitou o legado do século XIX mas tornou o instrumento mais polivalente".

No concerto inaugural serão interpretadas obras de Bernard Pasquini (1637-1710), Giacomo Carissimi (1605-1674), Dieterich Buxtehude (1637-1707), Baldassare Galuppi (1706-1785), António Vivaldi (1678-1741), Policarpo José da Silva (1745-1805), Francisco de S. Boaventura (século XVIII) e de um compositor anónimo português que terá vivido entre finais do século XVIII e começos do século XIX.

"Foi escolhido um programa de compositores contemporâneos do órgão", disse à Lusa João Vaz, que realçou a sua satisfação por ter sido já nomeado o organista para a igreja de S. Nicolau, Sérgio Silva, que desempenha idênticas funções na Basílica da Estrela, também em Lisboa.

João Vaz referiu que "tão importante como o restauro do órgão é a sua manutenção através da realização de concertos e o acompanhamento do serviço litúrgico, o que é intenção do actual pároco, Rui Pedras".

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