Chefe das prisões do Khmer Vermelho pede para ser ilibado
Este pedido levantou dúvidas sobre as suas anteriores declarações em que aceitava a responsabilidade por tudo o que se passou nos chamados Campos da Morte, dizendo até que pedia perdão
Os juízes não se pronunciaram de imediato sobre o pedido de clemência, preferindo prosseguir com o julgamento, que dura há nove meses, em Phnom Penh, a capital cambojana.
Foi no último dia dos depoimentos do primeiro membro do regime a ser julgado que ele argumentou não ser um dos cabecilhas do tenebroso sistema político, pelo que o deveriam libertar, aos 67 anos.
Anteriormente, a acusação pedira 40 anos de cadeia para este homem acusado de “crimes contra a humanidade, esclavagismo, tortura, abusos sexuais e outros actos desumanos”, durante o tempo em que coordenou o estabelecimento prisional S-21.
Foram pelo menos 1,7 milhões as pessoas mortas às mãos do Khmer Vermelho e só sete das 14.000 pessoas que passaram pela cadeia de “Duch” é que conseguiram sobreviver, numa prova da extrema brutalidade de um regime que já tem sido considerado ultramaoísta.
O tribunal, constituído por três juízes cambojanos e dois estrangeiros, pediu esclarecimentos ao advogado de defesa, perguntando se não haveria um erro de tradução quando se ouvia que o réu estava a pedir que o libertassem; e a solicitação foi então confirmada, sob o argumento de que ele não se encontrava no topo da hierarquia do regime de Pol Pot, já falecido.
As testemunhas têm vindo a falar de espancamentos com tubos de metal, choques eléctricos e prisioneiros obrigados a comer os próprios excrementos, como algumas das barbaridades que se verificavam na antiga escola secundária transformada em prisão.
Além de coordenar pessoalmente aquele presídio, “Duch” tinha responsabilidades em todo o sistema prisional, pelo que se prevê para ele uma pena pesada, quando a sentença vier a ser lida, possivelmente no mês de Março do próximo ano.