Fenprof e Emídio Rangel voltam a enfrentar-se, desta vez em tribunal
Jornalista comparou professores a hooligans ao serviço do PCP. Sindicato fala em "ódio feroz"
O jornalista Emídio Rangel "perdeu a noção dos limites da boa educação", como diagnostica o dirigente da Fenprof, Mário Nogueira? Ou são os sindicalistas "que não gostam de ser criticados e tentam calar as vozes discordantes", como avalia Emídio Rangel? Tudo leva a crer que serão os tribunais a responder, como ontem admitiram um e outro, em declarações ao PÚBLICO.
A queixa-crime foi feita pela Fenprof, por causa de um artigo sobre a manifestação dos cem mil professores, a 8 de Março de 2008, a que Rangel deu o título de "Hooligans em Lisboa"; mas o cronista também quer ver o caso julgado.
A indignação atravessou a blogosfera, há mais de ano e meio. Num dos momentos mais acesos da luta dos docentes contra as medidas da ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, Rangel usou o seu espaço de opinião no Correio da Manhã para dizer o quanto se envergonhava daqueles "pseudoprofessores".
"Trabalham pouco, ensinam menos, não aceitam avaliações" e "transformaram-se em soldados do Partido Comunista, para todo o serviço", analisou, descrevendo depois a chegada a Lisboa, a fazer "lembrar os hooligans", "em autocarros vindos de todo o país, alugados pelo Partido Comunista".
Sábado passado Rangel voltou a escrever sobre o tema num artigo publicado no mesmo jornal: "É fartar vilanagem! Maria de Lurdes Rodrigues, o seu projecto de reforma da Educação e a obra realizada durante quatro anos com sacrifício e enorme paciência para aturar tantos boçais (os professores têm dirigentes que são exemplares únicos de rara boçalidade) estão por terra."
A Fenprof não gostou nem perdeu tempo a interpretar a oportunidade de mais este sinal de "ódio feroz". No seu sítio na Internet, colocou um comunicado dizendo que se trata de uma reacção ao facto de o Departamento de Investigação e Acção Penal ter notificado a Fenprof para deduzir a acusação particular, num ofício em que considera que nas provas que fazem parte do processo "existem indícios de prática do crime de difamação".
Contactado pelo PÚBLICO, Emídio Rangel desvalorizou a situação e disse aguardar "serenamente pelo julgamento". "Não ofendi ninguém", insistiu, dizendo-se convicto de que "nenhum tribunal" decidirá contra a sua "liberdade de dizer" o que pensa": "É o que faço nos dois artigos - nem mais nem menos".