Tomás e Carriço são nova minoria para desestabilizar Sporting

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Matías Fernandez tenta roubar a bola a um adversário Fotógrafo

"Leões" já não vencem há cinco jogos para a Liga e afundam-se no oitavo lugar. Em Vila do Conde, a defesa esqueceu-se do que vale João Tomás

Rio Ave 2Sporting 2 Em circunstâncias normais, um Rio Ave-Sporting à 10.ª jornada não passaria de um modesto programa de entretenimento para um domingo à noite. Mas o momento que hoje se vive em Alvalade é a antítese da normalidade e isso transforma o dia-a-dia do clube numa espécie de "Survival", versão desportiva. Episódio de ontem: terceiro empate fora de portas (2-2) e queda para o oitavo lugar na Liga.

Enquanto houve luz natural em Vila do Conde, só o Rio Ave teve motivos para festejar: o 25.º aniversário do estádio, a inauguração da loja do clube, a homenagem ao veterano Niquinha, era só escolher. Mais tarde, quando chegou o momento de subir ao relvado, as serpentinas até começaram por passar para o outro lado do campo. Por pouco tempo. Até porque os bons resultados começam a parecer um corpo estranho em Alvalade.

O melhor arranque (o remate espontâneo de Postiga aos 45" não passou de um engano) até foi dos vilacondenses, mas não se traduziu em mais do que simples posse de bola durante cerca de um quarto de hora. O Sporting mal chegava à área? Compensa-se rapidamente. Três cantos seguidos (17" e 18"), uma falha inacreditável à boca da baliza e o primeiro sinal de que Matías Fernandez é um dos notáveis leoninos.

Sai de cena o Rio Ave versão "cool", entra o Rio Ave versão Sporting - tenso, instável e a tremer como varas verdes. Aproveitou Matías para aliviar um pouco a pressão dos ombros de Bettencourt: precipitação de Wires à entrada da área e o internacional chileno a fazer o resto. Finta para cá, finta para lá, segundo golo em dois jogos consecutivos. Classe. Mesmo que seja em "slow motion".

Lá atrás, Miguel Veloso ia segurando o jogo. E dobrando André Marques à esquerda sempre que necessário. E surgindo na frente para as segundas bolas. Aos 38", assustou Carlos com um remate poderoso. Mas bastaria um lançamento lateral para fazer a diferença. Sílvio transformou uma bola morta num problema vivo ao dominar com a mão na área. João Moutinho empurrou para longe (pelo menos) o fantasma dos penáltis falhados.

Duas vezes João Tomás

Que mais poderia pedir Leonel Pontes, um treinador de recurso para uma equipa que continua a ser de recurso? Estavam reunidas as condições para uma segunda parte tranquila, soubesse a equipa fazer por isso. Não soube. E o problema é que João Tomás ainda sabe o que faz. Pé esquerdo cruzado para o segundo poste aos 57", pé direito no coração da área aos 60".

Por esta altura, já o Sporting voltara à versão Sporting e o Rio Ave ao registo "cool" que tem passeado pelos relvados da Liga. Sidnei esfrangalhava o sentido posicional de Pedro Silva à esquerda, Bruno Gama metia André Marques num bolso à direita. No eixo da defesa leonina Tonel ia sacudindo como podia, Daniel Carriço podia menos e ia recorrendo às faltas. Amarelo na primeira parte, amarelo na segunda, o Sporting reduzido a dez aos 66".

Angulo, que entrara ao intervalo para o lugar de Vukcevic, fazia esses dez parecerem nove. E Caicedo cometia a proeza de transformar os nove em oito: aos 75", na pequena área, só com Carlos pela frente, falhou o 3-2.

Era o último sopro atacante dos "leões", a quem começam a faltar argumentos para reclamar (ainda mais) paciência aos adeptos. Já fora do estádio, o inconformismo da praxe: "Vocês são uma vergonha".

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