Grigory Sokolov, um pianista tocado pelo génio

Foto
Todas as expectativas perante o próximo concerto de Sokolov na Gulbenkian

Há vários anos que o pianista russo Grigory Sokolov (n. 1950) é uma visita assídua na Gulbenkian, na Casa da Música e em alguns festivais portugueses, mas essa regularidade de apresentações não diminui as expectativas que se geram em torno de cada nova actuação. A próxima será já na segunda-feira, às 19h, no Grande Auditório Gulbenkian, e terá no programa duas obras de envergadura - a Sonata em Ré Maior, D. 850, de Schubert, e a Sonata em Fá menor, op. 14, de Schumann - que serão certamente objecto de clarividentes interpretações, tendo em conta as provas dadas pelo pianista no universo destes dois compositores.

Vencedor do Concurso Tchaikovsky de Moscovo com apenas 16 anos, Sokolov é actualmente considerado um dos maiores pianistas vivos. A sua forte personalidade e inspirada imaginação é apoiada por uma técnica exímia em que todos os parâmetros pianísticos surgem elevados a um enorme grau de perfeição. Um apurado sentido estético, que inclui uma plena consciência do universo sonoro que deu origem a cada obra, faz com que Sokolov se transfigure num pianista diferente em cada peça que interpreta.

O seu repertório é amplo, com uma forte preferência por Bach, Beethoven, Chopin, Schubert ou pelos mestres russos. É também dos poucos intérpretes actuais a tocar no piano moderno música intrinsecamente ligada ao cravo como as peças de Byrd, Rameau ou Couperin. Os compositores recentes encontram-se normalmente ausentes, mas para Sokolov toda a boa música é música contemporânea: "Não faço uma divisão entre música contemporânea e música antiga, o único critério é ser música viva ou música morta. Uma peça escrita ontem pode já estar morta e outra escrita há 300 anos pode estar viva", disse ao Público por ocasião de uma das suas actuações no Festival de Sintra, em 2002.
A sua atitude perante o instrumento encontra-se também próxima da dos intérpretes de outras eras, que dominavam aspectos da construção e cuidavam da manutenção. Conhecedor de todos os segredos do piano, Sokolov sabe mais sobre um Steinway do que qualquer técnico e nunca utiliza um novo piano sem antes observar meticulosamente todos os detalhes do seu funcionamento. Avesso à atmosfera estéril dos estúdios, Sokolov prefere as gravações ao vivo, como forma de captar momentos únicos. Alguns deles foram registados pelas etiquetas Melodya e Op. 111, centrando-se sobretudo em obras de Bach, Beethoven, Chopin, Brahms, Rachmaninov, Prokofiev, Scriabin, Schubert e Schumann.

Sugerir correcção
Comentar