Morte anunciada do jornalSemanárioconfirma-se
O jornalSemanário já não vai chegar amanhã às bancas, devido ao encerramento da publicação fundada em Novembro de 1983, que já há muito tempo atravessava sérias dificuldades financeiras. A notícia foi comunicada na terça-feira à noite aos elementos da redacção, dirigida por Paulo Gaião, e na sua maioria constituída por colaboradores fora do quadro.
A morte doSemanário já se esperava, todavia, há muito tempo, tendo em conta a cada vez maior falta de visibilidade e de sustentação financeira do projecto, pertencente desde meados dos anos 90 a Rui Teixeira dos Santos. A falência chegou a ser anunciada como certa há poucos anos, numa altura em que a redacção perdeu muitos dos jornalistas.
Os últimos dados oficiais de tiragem, referentes a Janeiro e Fevereiro de 2008, indicam que as vendas do jornal se limitavam na altura aos 2000 exemplares por edição, e que outros 18.550 impressos semanalmente eram distribuídos de forma gratuita.
Certo é que o jornal chegou a vendas semanais acima dos 60 mil exemplares nos primeiros anos, acompanhado de uma revista dedicada à área do social que foi a primeira do género para o público português: aOlá.
Victor Cunha Rego foi o primeiro director deste projecto, muito ligado à social-democracia mas também ao soarismo, e identificado com o combate à existência do Bloco Central. Ligados à fundação do título estiveram também Marcelo Rebelo de Sousa e José Miguel Júdice. Mas rapidamente se instalou o declínio: quando terminou a aliança PS-PSD que dominou o Governo entre 1983 e 1985, o jornal começou a perder sentido e vitalidade.
Desde então, oSemanário passou por várias tentativas de revitalização que acabaram sempre falhadas. Algumas aumentaram temporariamente as vendas, mas contribuíram para a perda de credibilidade: o "Dantas" é um dos casos mais lembrados, quando em 1996 esta coluna de mexericos ganhou espaço dentro do jornal e durante vários meses transformou boatos em letra de imprensa consumida avidamente pelos leitores. Acabou em vários processos por difamação e num par de bofetadas dadas num dia de Verão a Rui Teixeira Santos, por Emídio Rangel e Felipa Garnel (na altura trabalhavam ambos na SIC), vítimas habituais das fofoquices.