Cartas pessoais de Vincent Van Gogh reveladas ao público
A correspondência é exposta, pela primeira vez, neste museu, e mostra o método racional e disciplinado por detrás das grandes criações do pintor.
O curador Hans Luijten diz que as cartas "mostram que ele sabia o que estava a fazer e que estava muito à frente do seu tempo e por isso consideravam-no louco. Mas, o que se vê aqui é alguém que planeia deliberadamente a sua arte”.
No centro da exposição, 100 das muitas cartas que o artista escreveu, sobretudo ao seu irmão, estão em exibição, rodeadas pelas suas pinturas mais célebres.
"Cada movimento foi inteiramente delineado, cada pincelada foi planeada. A ideia de que ele era um louco, pintando telas em delírio, torna-se incongruente e estas cartas mostram isso", disse, ao "Daily Telegraph", Leo Jansen, um dos organizadores da exposição. "As cartas são uma extensão das pinturas e das imagens, uma forma de arte própria".
A correspondência traça o percurso de sofrimento de epilepsia de Van Gogh e a sua solidão quando apenas o seu irmão acreditava na sua arte.
Numa carta para Theo, datada de 16 de Outubro de 1888, Van Gogh inclui um esboço de um dos seus quadros mais famosos, “O quarto de dormir”. Nela informa o seu irmão que as cadeiras são de "manteiga fresca amarela” e os lençóis e as almofadas são de um “verde limão brilhante”.
Dias antes de cometer suicídio, em 1890, Van Gogh descreve o seu estado emocional e psicológico, reflectindo sobre o modo como a sua arte teve impacto na sua saúde mental: “Arrisquei a minha vida pelo meu próprio trabalho e a minha razão como que naufragou nele”.
O projecto de editar toda a correspondência de Van Gogh, mais de 800 cartas, demorou 15 anos e esta exposição vai estar em Amesterdão até 3 de Janeiro de 2010, mas a partir do dia 27 de Janeiro desse ano, mudar-se-á para a Royal Academy, em Londres. Para além disso, o Museu Van Gogh disponibilizou a leitura de algumas cartas através da internet, no endereço: www.vangoghmuseum.com/letter.