ElBaradei poderá ser candidato à presidência do Egípto

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ElBaradei ganhou notoriedade mundial à frente da AIEA, talvez o suficiente para disputar a presidência a Mubarak Caren Firouz/REUTERS

Esta candidatura daria uma visibilidade excepcional à oposição egípcia face ao Partido Nacional Democrata (PND), que domina o sistema político. Mas as suas esperanças enfrentam vários obstáculos jurídicos, e sobretudo as reticências do próprio ElBaradei. Prémio Nobel da Paz em 2005, o chefe da AIEA adquiriu notoriedade mundial, por se ter oposto aos argumentos norte-americanos sobre o programa atómico iraquiano, dados como justificação para lançar a guerra contra Bagdad em 2003 e que se revelaram falsos.

ElBaradei, que deverá deixar o seu posto em Novembro, é igualmente um dos principais actores no dossier do controverso programa nuclear iraniano. Membros da nova guarda do partido liberal al-Wafd querem integrar Baradei num órgão dirigente deste partido, para que ele possa candidatar-se. A lei egípcia prevê que os candidatos devem pertencer há pelo menos um ano à direcção dos partidos, que não podem ter menos de cinco anos até à data das eleições. A outra via possível — o apoio de 250 eleitores, incluindo pelo menos 65 membros da Assembleia Nacional, 25 do Conselho Consultivo (senado) e pelo menos dez membros dos conselhos municipais — está excluído à partida, devido ao domínio do partido no poder quer no Parlamento, quer nos municípios. “Formámos um ‘comité popular de apoio a ElBaradei’ e vamos mobilizar-nos para o fazer eleger na instância dirigente do partido”, afirma à AFP o coordenador do comité, Mohamed Salah El-Cheikh.

“Pensamos conseguir mobilizar os egípcios em torno de ElBaradei, ele é aceite pelos islamistas, pela esquerda e pelos liberais”, adianta este quadro do partido al-Wafd. “Queremos que ele seja eleito para um único mandato tendo como única missão a elaboração e a adopção de uma nova Constituição que garanta uma real separação de poderes e estabeleça o Estado de direito”, adianta um militante de 39 anos. “Queremos virar a página do despotismo e da corrupção”, continua. O chefe al-Wafd, Mahmoud Abaza, ressalvou porém que falta ainda decidir se o partido participará nas presidenciais ou se as boicotará.

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