Índia põe fim prematuro à primeira missão lunar mas diz que objectivos foram cumpridos

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A primeira missão não tripulada à Lua custou 65 milhões de euros Doug Murray/Reuters (arquivo)

Apesar de a viagem ter durado menos de metade do que o previsto, a ISRO está contente com os feitos técnicos e científicos da missão que pôs a Índia lado a lado com as potências espaciais do mundo. Hoje, a organização declarou que a missão não tripulada a Marte vai ser entre 2013 e 2015, reforçando a importância que tem dado à política espacial.

A 22 de Outubro de 2008, o foguetão PSLV C11 saía do centro espacial Satish Dhawan, no Sul da Índia, levando a Chandrayaan-1. A missão era uma empresa técnica, científica, mas também tinha o objectivo político de posicionar a Índia ao lado da China, que no mês anterior tinha colocado taikonautas a passear pelo espaço.

“Vamos à Lua pela primeira vez. A China foi mais cedo, mas hoje estamos a tentar apanhá-los”, disse na altura Bhaskar Narayan, um dos directores da ISRO.

Muitos criticaram o desvio de recursos do país para manter o programa espacial, quando milhões de crianças morrem à fome. O certo é que, a 14 de Novembro do ano passado, a Lua foi presenteada com a quarta bandeira terrestre, depois da sonda de impacto lunar ter descido ao pólo sul do satélite. A bandeira da Índia juntou-se à da Rússia, Estados Unidos e à da Agência Espacial Europeia (ESA), o que trouxe consequências.

“Isto tem um significado enorme”, escreveu ontem o editor de ciência da televisão de Nova Deli, Pallava Bagla, num artigo para a BBC que avalia o sucesso da missão. “Se algum dia os recursos da Lua forem divididos, a parte da Índia pode ser reclamada por ter conseguido algo que outros não o fizeram.”

A missão teve incidentes desde o início, como uma falha de combustível, outra no sistema de alimentação e mais recentemente nos sensores estelares. Mas os cientistas conseguiram superar estes problemas. “A [sonda] fez 100 por cento do trabalho técnico. Cientificamente fez entre 90 e 95 por cento”, disse o director do projecto, M. Annadurai.

Para além de procurar água nas crateras lunares onde o sol não chega, o aparelho também ia fazer a cartografia do satélite, acompanhada com o perfil químico e mineralógico da superfície. Para isso contava com 11 instrumentos, seis dos quais estrangeiros, da ESA, da NASA e da Bulgária. A Índia não pediu dinheiro para levar os aparelhos, só a partilha da informação conseguida.

“Recolhemos um grande volume de informação, incluindo 70 mil imagens da Lua”, disse o director da ISRO. Para Pallava Bagla, o sucesso da missão depende ainda dos resultados publicados a partir da informação recolhida. Antes de Marte, a Índia vai fazer uma segunda viagem à Lua em colaboração com a Rússia, com a sonda Chandrayaan-2.

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