A secretária de Estado norte-americana termina hoje na ilha do Sal uma inédita viagem de 11 dias por sete países da África a sul do Sara

a A Segurança na África Ocidental, a cooperação económica e comercial entre os Estados Unidos e a África Subsariana e o controlo de toda a espécie de tráficos que passam pelo arquipélago encontram-se na agenda da visita que a secretária de Estado norte-americana faz a Cabo Verde, onde era aguardada ontem à noite.O desbloqueamento de mais uma fatia do financiamento do Millennium Challenge Acount (MCA), para um povo que tem 250.000 emigrantes nos Estados Unidos (metade dos que vivem na sua própria terra), foi apresentado pelo ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, José Brito, como um dos temas das conversações com Hillary Clinton.
"Ao contrário de outros países, temos obtidos excelentes resultados na gestão dos fundos do MCA", congratulou-se Brito ao jornal A Semana, da cidade da Praia. Em 2005, o MCA disponibilizou 110 milhões de dólares (77 milhões de euros), para um período de cinco anos, de modo a melhorar o clima de investimentos, reformular o sector financeiro e desenvolver infra-estruturas.
"O narcotráfico na sub-região é incontornável" nos debates a manter tanto por José Brito como pelo primeiro-ministro, José Maria Neves, que deverá receber a visitante pelas 9h00 locais de hoje (11h00 em Lisboa), durante a última etapa de uma viagem de 11 dias a sete países africanos.
Para além de se propor combater o narcotráfico que passa pela África Ocidental, a caminho da Europa, Cabo Verde também busca apoio para procurar resolver o problema das embarcações rudimentares que, por vezes, chegam às suas praias com pessoas naturais da costa africana, em busca de outros destinos, na tentativa de imigrar para a Europa.

Opinião sobre BissauWashington pretende saber a opinião de Cabo Verde quanto à questão da Guiné-Bissau (um caso de instabilidade crónica e de fragilidade das instituições), comentou à agência noticiosa cabo-verdiana Inforpress o analista Corsino Tolentino, antigo ministro da Educação e ex-embaixador em Portugal.
O arquipélago crioulo pretende perspectivar-se como uma plataforma entre a NATO e uma eventual Organização do Tratado do Atlântico Sul, que é preconizada por países da América latina como o Brasil e a Venezuela.
"A importância de Cabo Verde é muita, pois o país encontra-se numa zona de transição entre o Atlântico Sul e o Norte. Precisamos discutir as questões de ampliação da Zona Económica Exclusiva, para elevar para 350 milhas as áreas de controlo e soberania sobre os fundos marinhos", disse em Maio na cidade da Praia o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim.
No início deste périplo pela África Subsariana, o especialista português de estudos estratégicos Fernando Jorge Cardoso disse ao PÚBLICO que Hillary Clinton a iria terminar "num dos países mais exemplares, quanto à estabilidade da política governativa, sendo isto um prémio simbólico pela boa governação".