Níger vota hoje em referendo para perpetuar o Presidente no poder

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O Níger é um dos países mais pobre de África REUTERS/Georgina Cranston

A oposição a Mamadou Tanja boicota esta sua tentativa de não se retirar no próximo mês de Dezembro, conforme estipula a lei em vigor naquele árido país situado entre a Argélia e a Nigéria, à beira do deserto do Sara. Um vasto espaço de 1,27 milhões de quilómetros quadrados com menos de 15 milhões de habitantes.

Os doadores internacionais também entendem que não é correcto o que o Presidente pretende e poderão assim, se ele for por diante com o referendo, cortar a ajuda àquele que é um dos territórios mais pobres do mundo, apesar de exportar urânio e de nele se estarem a tentar tanto a prospecção petrolífera como a extracção de oiro.

As tropas com fatos camuflados bloquearam hoje as ruas de Niamey, a capital, para que Tanja fosse à Câmara Municipal, entregar o seu voto neste referendo por ele proprio arquitectou.

"Hoje é um grande dia. Agradecemos a Deus e ao povo nigeriano", disse o Chefe de Estado à imprensa, nas proximidades de camiões militares equipados com metralhadoras, ali postados para que ninguém ousasse perturbar o desígnio presidencial.

Nascido há 71 anos, Tandja encontra-se no poder desde 1999 e agora, nestes últimos meses, não tem manifestado a mínima intenção de entregar o poder a outrém antes do próximo Natal, como devia.

No mês de Maio, este político de ascendência árabe, nascido numa família de pastores, dissolveu o Parlamento, que ousara manifestar-se contra a preconizada revisão constitucional. E em Junho, com toda a coerência, recorreu a poderes extraordinários para governar por decreto, na linha de numerosos outros ditadores que a África tem conhecido neste último meio século, desde os dias das suas primeiras independências.

Dias depois disso, Mamadou Tandja foi mesmo ao ponto de também dissolver o Tribunal Constitucional daquela antiga colónia francesa, que tem uma das maiores taxas de analfabetismo do mundo e onde o sistema de saúde deixa muito a desejar e as doenças imperam.

Depois de dissolver o tribunal que lhe invalidara o referendo, considerando-o ilegal, o novo tirano criou outra instância jurídica, com juízes mais a seu gosto.

Outros países africanos onde os presidentes recorreram a referendos para se perpetuar no poder foram a Argélia, os Camarões, o Chade, a Tunísia e o Uganda.

Agora, no Níger, teme-se que as manobras de Mamadou Tandja agravem ainda mais uma situação já de si muito complicada devido à existência, no norte, de uma rebelião tuaregue, que se reactivou no ano de 2007, depois de uma década de acalmia.

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