Estados Unidos condenam despejos feitos por Israel

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AHMAD GHARABLI/AFP

Logo após o despejo, duas famílias de colonos judeus ocuparam as casas, no bairro
árabe de Sheikh Jarrah

a Os Estados Unidos criticaram a expulsão, por Israel, de duas famílias palestinianas das suas casas em Jerusalém Oriental. Diplomatas da embaixada americana enviaram ontem uma carta de protesto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, dizendo que a acção é contrária ao espírito de acordos já assinados pelo Estado hebraico. A expulsão das duas famílias palestinianas - um total de 54 pessoas - foi feita por uma grande força policial na madrugada de domingo.
"Rebentaram as portas com uma carga fraca, entraram, e arrastaram-
-nos como sacos", descreveu um dos palestinianos, Nasser Gawi. "Somos 38 pessoas na família. Agora o céu é o nosso cobertor e a terra a nossa cama".
Os bens das famílias foram levados num camião. Logo após o despejo, duas famílias de colonos ocuparam as casas, colocando uma bandeira do Estado judaico cá fora. As casas estão no bairro predominantemente árabe de Sheikh Jarrah - que é, aliás, o centro de um polémico projecto de construção de 20 apartamentos por Israel.
A Administração de Barack Obama tem pressionado Israel para que pare a construção nos colonatos, algo recusado pelo Governo de Benjamin Netanyahu, que diz ter necessidade de mais casas para acomodar o "crescimento natural" dos colonatos.
A ordem de despejo das famílias palestinianas tinha sido dada por um tribunal no âmbito de um processo que se arrastava já há muitos anos - o Supremo decidiu agora que as casas eram propriedade de famílias judaicas.
Mas as Nações Unidas sublinham que em território ocupado (Jerusalém Oriental foi anexada por Israel depois da guerra de 1967, uma acção não reconhecida internacionalmente) não se aplicam decisões dos tribunais israelitas.
O negociador palestiniano Saeb Erekat disse que Israel estava a mostrar a sua "incapacidade" para respeitar a lei internacional. "Israel, a potência ocupante, está mais uma vez a mostrar o seu compromisso com as organizações dos colonos ao despejar mais de 50 palestinianos, muitos deles crianças, das casas em que viveram durante mais de 50 anos."

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