O papel do povo no Irão é um exemplo para o mundo

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Resposta da Embaixada da República Islâmica do Irão em Lisboa ao artigo de Paulo Casaca

OSenhor Paulo Casaca, deputado do Parlamento Europeu, num artigo publicado no PÚBLICO [Bye bye, Diktatur, 25 de Junho de 2009] expõe ideias erradas sobre a solidez do Estado da República Islâmica do Irão e a evolução das eleições. Por isso, acho necessário esclarecer alguns assuntos para com os respeitosos leitores do jornal PÚBLICO.1. As eleições presidenciais do décimo mandato presidencial da República Islâmica do Irão, realizadas a 12 de Junho do corrente ano, e a participação de 85% do povo demonstraram, mais do que nunca, a legitimidade do Estado iraniano. A participação voluntária e inédita do povo iraniano nestas eleições provou o papel religioso do povo nas eleições que é um modelo único no mundo. Os protestos e as queixas de alguns candidatos derrotados ou dos seus apoiantes aconteceram dentro de um sistema livre e não foram um facto incomum e estranho. Eram sinais do orgulho e do desenvolvimento. Infelizmente, em alguns casos, esses protestos, com o abuso de alguns, transformaram-se em violência e causaram a morte de alguns agentes de segurança e do povo iraniano. Nenhum dos candidatos apoiou a destruição dos locais públicos e o caos provocado e todos lamentaram esses acontecimentos. Mas quem ficou feliz com esses protestos e pensou que os mesmos eram contra o Estado da República Islâmica do Irão não conhece ainda a natureza do Irão. Um dos orgulhos do Irão é ter realizado, durante as três últimas décadas, 31 eleições e referendos que permitiram ao povo escolher todos os órgãos do país, desde os mais diversos cargos de liderança, incluindo a Presidência da República, até aos concelhos das cidades e das aldeias.
2. O Senhor Casaca tem muito orgulho em apoiar o partido dos Moafeghins (Mojahedin - MKO) que tem uma história negra, manchada por crimes não só contra os cidadãos iranianos, mas também contra os curdos e iraquianos. O nome deste partido está na lista negra dos grupos terroristas de vários países. As explosões das bombas, os terrores, a ajuda a Saddam Hussein, o antigo ditador do Iraque, para o massacre do povo do Irão e do Iraque, o treino e as formações aos elementos de Al-Qaeda e, no total, o massacre de 14.000 civis e altos responsáveis, como o primeiro-ministro e o Presidente da República, são alguns dos crimes cometidos por este grupo. E o senhor Casaca tem orgulho em estar à mesa do jantar com os líderes deste grupo. Infelizmente, como escreveu no seu artigo, os conhecimentos e as informações do senhor Casaca são limitadas às fontes deste grupo, que tem as suas mãos manchadas do sangue das vítimas iranianas e iraquianas e que não tem qualquer lugar entre o povo do Irão.
3. Não se sabe qual é a definição de ditadura do senhor Casaca. Depois da Revolução Islâmica de 1979, o Irão realizou 31 eleições e referendos. O Irão não altera constantemente a Constituição. O Irão não tem uma dinastia e o seu Presidente apenas pode ser eleito para o segundo mandato consecutivo e não existe a presidência definitiva ou por herança. Há a possibilidade da realização de debates entre os candidatos às eleições presidenciais nas televisões, aos quais assistiu todo o povo iraniano. Assim, toda esta atmosfera, que motivou 85 por cento dos iranianos a participar nas eleições, prova que todos os assuntos do país são decididos através das eleições. E até os protestos mostram o estatuto e o papel do povo no Irão.
O senhor Casaca deve saber que, ao nível da alfabetização e dos estudos superiores, o acesso à Internet e aos blogues são das caracteristicas mais relevantes do Irão. Até os protestos recentes provam a curiosidade e a procura existentes no país. De facto, houve uma capacidade exemplar da República Islâmica do Irão na criação de uma atmosfera saudável e aberta para as eleições, como demonstram as duras críticas trocadas e os debates sobre os assuntos fundamentais onde os candidatos se desafiaram, criando oportunidades de reflexão para os 45 milhões de eleitores. Ainda não estamos tão longe das eleições europeias que não se possa comparar a atmosfera séria de confronto político e o nível de participação dos povos nestas eleições.
Seria bom que, em vez do grupo dos Monafeghins, o senhor Casaca procurasse fontes de informação neutras e saudáveis para escrever o seu artigo. Responsável da Secção de Imprensa da Embaixada da República Islâmica do Irão em Lisboa

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