O "biopic" comporta grandes riscos,sobretudo num tempo em que aestética televisiva estendeu os seusgigantescos tentáculos e normalizouum género que, já de si, não primavapela originalidade de perspectivas."Coco avant Chanel" pode terfraquezas (um certo "look" elegante,para condizer com a personagem),mas evita as simplicidades narrativas,fugindo da historinha primária comoo diabo foge da cruz. Falta-lhe tensãona organização do triânguloamoroso, mas consegue, com a ajudade uma interpretação seca e vibrantede Audrey Tautou, atingircomplexidades insuspeitadas,transformando a rainha da modaparisiense numa personagemmultifacetada, cheia de contradições,bem longe das Piafs de recente (e má)memória. Por que não dizer queconstitui uma agradável surpresa?
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