São responsáveis pela morte de cerca de mil pessoas na Irlanda do Norte, mas agora dizem que "a luta acabou". Os grupo lealistas Red Hand e UVF depuseram as armas

A Dois grupos paramilitares lealistas da Irlanda do Norte depuseram ontem as armas diante de testemunhas independentes. As lideranças da Força Voluntária do Ulster (UVF) e dos Red Hand Defenders confirmaram o desarmamento através de um comunicado lido aos jornalistas em Belfast. E adiantaram que o abandono do uso de armas e explosivos é "total e irreversível".Um outro grupo lealista, a Associação de Defesa do Ulster (UDA), confirmou também que começou a depor o seu arsenal. Em conjunto, a UVF e a UDA são responsáveis pela morte de cerca de mil pessoas, sobretudo católicos e defensores da separação da Irlanda do Norte face ao Reino Unido. O ministro britânico para a Irlanda do Norte, Shaun Woodward, considerou que ontem foi "um dia histórico", enquanto o ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Michael Martin, disse que este foi "um marco decisivo" para a pacificação.
Os grupos lealistas estavam a ser pressionados para abandonar as armas desde que o Exército Republicano Irlandês (IRA) anunciou a decisão de depor as armas em 2005.
Desde 1998 que há uma relativa paz na Irlanda do Norte, depois de o IRA ter chegado a acordo para pôr fim ao conflito de 30 anos contra o domínio britânico. No entanto, em Mar-
ço deste ano, chegou a recear-se um regresso da violência depois de dois grupos dissidentes do IRA, o IRA Continuidade e o IRA Verdadeiro, terem sido acusados pelos atentados que causaram a morte de um soldado e dois polícias. Mas os ataques foram duramente condenados pelos líderes de ambos os lados, sobretudo pelo Sinn Féin, antigo braço político do IRA. Em comunicado, a Associação de Defesa do Ulster (UDA), que desde 1970 lutou contra o IRA, disse que "a luta acabou" e que "a paz e democracia foram asseguradas e a necessidade de resistência armada desapareceu".No Reino Unido, UVF e Red Hand Defenders são considerados grupos terroristas, e embora já tivessem acei-
tado renunciar à violência ainda não tinham deposto as armas. Em Dezem-
bro do ano passado o Governo britânico deu um ano a estes grupos para abandonarem definitivamente as armas. Aconteceu agora, 12 anos após ter começado um processo de desarmamento controlado por uma comissão independente.
Entre 1969 e 2001 a UVF matou 482 pessoas e pelo menos 13 foram mortas pelos Red Hand Defenders, segundo a base de dados Sutton da Universidade do Ulster. Mas também a UDA é responsabilizada pela morte de 261 pessoas até 2001. Entre o final dos anos 60 e o acordo de 1998 morreram cerca de 3600 pessoas no conflito na Irlanda do Norte.