"Rápido aumento do tráfico" em Portugal relacionado com narcotráfico na Guiné-Bissau

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Portugal foi o sexto país que apreendeu mais cocaína em 2006 DR

O Relatório das Drogas 2009 da Agência das Nações Unidas para Assuntos de Droga e Crime (UNDOC) destaca que a maioria dos traficantes presos em Portugal em 2007 era de origem africana. Assim, mais de metade dos detidos por tráfico de cocaína (52 por cento) naquele ano era de Cabo Verde, seguindo-se a Guiné-Bissau, com 12 por cento.

Entre as outras nacionalidades, surge a Venezuela, com 10 por cento, Espanha e Brasil, ambos com oito por cento, Angola (cinco por cento), Holanda (três por cento) e Reino Unido (dois por cento).

Segundo a análise da UNDOC, a apreensão de cocaína em Portugal aumentou "subitamente" em 2006, quando foram apreendidas cerca de 34,5 toneladas daquela droga. No ano anterior tinham sido apreendidas 18 toneladas e este valor voltou a cair em 2007, situando-se nas 7,4 toneladas.

"Este rápido aumento do tráfico esteve, provavelmente, relacionado com o uso da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, antigas colónias [portuguesas] como países de trânsito", lê-se no texto.

Os autores do Relatório destacam ainda que o número de homicídios aumentou 40 por cento em Portugal entre 2001 e 2007, "um facto que poderá estar relacionado com a actividade do tráfico".

O documento sublinha que a taxa de homicídios permanece baixa e Lisboa é uma das cidades mais seguras da Europa, mas que Portugal foi o único país europeu a reportar um aumento significativo de assassínios naquele período.

Quanto ao consumo de drogas em Portugal, aumentou ligeiramente de 2001 para 2007.

Entre a população dos 15 aos 64 anos, o consumo de canabis passou de 3,3 para 3,6 por cento, o de cocaína de 0,3 para 0,6 por cento e o de anfetaminas de 0,1 para 0,2 por cento.

Foram 176 os países que reportaram apreensões de canabis. A maioria foi feita por Espanha (50 pc), seguida de Marrocos (nove por cento), Irão (sete por cento), Paquistão (oito por cento), Afeganistão (seis por cento), Bélgica (cinco por cento) e Portugal e França, com três por cento cada.

Em 2007, Polónia e Portugal também reportaram o fabrico de substâncias do tipo das anfetaminas.

No relatório refere-se ainda Portugal como exemplo de um país que decidiu não pôr na cadeia os consumidores de droga, mas onde o tráfico continua a ser crime, registando valores próximos da média europeia relativamente às acusações.

Entre 1995 e 2007, os estudantes europeus de 15 e 16 anos reportaram um aumento do uso de substâncias do grupo do ecstasy. Porém, há dados divergentes por sub-região.

Os estudantes de países da Europa ocidental e central, em que se insere Portugal, registaram níveis relativamente estáveis desde 2003.