Doutor honoris causa para a voz que se levantou para lutar contra a leucemia

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Carreras é a 73ª personalidade doutorada honoris causa pela Universidade do Porto Jorge Miguel Gonçalves/nFACTOS

Foi certamente esta segunda faceta que mais pesou na decisão da Faculdade de Medicina do Porto de propor o doutoramento honoris causa a José Carreras, o que foi concretizado ontem de manhã, na Aula Magna da faculdade, no Hospital de São João.

"Mais do que os meus êxitos como artista lírico nos mais importantes teatros e cenários do mundo, foi a leucemia que me fez ver com toda a clareza a sorte que tive na minha vida. Senti-me em dívida para com a sociedade e com a ciência. Senti a necessidade de ajudar as pessoas que sofrem - e continuarão a sofrer no futuro - desta grave doença", disse o tenor no discurso de agradecimento do título dado pela Universidade do Porto.

A actividade da Fundação Internacional José Carreras para a Luta contra a Leucemia, por si criada em Barcelona em 1988, no ano a seguir à sua doença, esteve também no centro do elogio do tenor feito por José Henrique Barros, coordenador nacional da luta contra a sida. "É público o conhecimento do seu enorme talento, da sua generosidade, da sua dedicação a minorar o sofrimento, modelo primordial e qualidades esperadas na medicina", disse.

A actividade e os projectos da fundação foram igualmente evocados por Carreras no seu discurso e no curto encontro com a comunicação social, no fim da cerimónia. O cantor lembrou que as principais áreas de intervenção são o apoio à investigação científica, a criação de infra-estruturas em laboratórios e hospitais, a procura de dadores de medula óssea e o apoio social aos doentes e seus familiares.

Carreras anunciou ainda que, em 2010, a sua fundação, juntamente com o Governo da Catalunha, vai criar um novo instituto de investigação internacional centrado exclusivamente na leucemia, que permitirá a instalação de uma centena de profissionais.

Em paralelo com esta acção humanitária, Carreras tem prosseguido a sua carreira. "Passei seis meses no hospital, em 1987, e essa experiência afectou a minha vida pessoal e artística. Mas depois, felizmente, voltei a poder fazer a minha carreira normal, nos últimos 20 anos". E ela vai voltar a passar, hoje à noite, pelo palco do Coliseu do Porto, onde o tenor participa numa gala no programa de comemoração dos 50 anos do Hospital de São João. Em Outubro, vai fazer uma digressão por várias cidades dos Estados Unidos.

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