Apoiantes de Ahmadinejad e de Mousavi em manifestações rivais em Teerão

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Imagem da televisão iraniana sobre a manifestação de apoio ao Presidente Reuters TV/Irib

Ao quarto dia de protestos, as autoridades iranianas proibiram os jornalistas estrangeiros de fazer a cobertura das manifestações, bem como de qualquer acontecimento que não conste do “programa” do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica. A AFP noticiou ainda que o principal operador de telemóveis do país, controlado pelo Estado, está novamente inoperacional na capital.

A decisão surge um dia depois de a imprensa internacional ter relatado profusamente uma marcha no centro de Teerão que, segundo as estimativas mais prudentes, reuniu várias centenas de milhares de apoiantes de Mousavi - um desafio inédito ao regime, que proibira a marcha, encabeçada pelo próprio candidato.

Respondendo ao apelo de um organismo oficial, vários milhares de pessoas manifestaram-se esta tarde na Praça Vali Asr, o mesmo local onde já no domingo Ahmadinejad congregara uma multidão para celebrar a vitória eleitoral.

Para o local estava também prevista uma concentração de apoiantes de Mousavi, mas o candidato pediu aos seus apoiantes para não comparecerem, por receio de que fossem atacados.

Em alternativa, milhares de manifestantes desfilaram no Norte da cidade, bastião dos reformistas, em direcção ao edifício da televisão pública, noticiou o serviço em língua inglesa do Irão Press TV. Testemunhas citadas pela Reuters dizem que, ao contrário dos protestos do fim-de-semana e da marcha de ontem, os manifestantes desfilaram em silêncio, identificados por fitas verdes, a cor da candidatura de Mousavi, e por cartazes com a cara do candidato.

Em desafio às autoridades, muitos comerciantes da capital não abriram hoje as portas, no que o "Times" online descreve como uma greve não oficial, em protesto contra as alegadas fraudes eleitorais.

Numa aparente concessão das autoridades, o influente Conselho dos Guardiões disse estar disponível para uma recontagem dos votos, feita nas áreas onde os candidatos da oposição afirmam ter havido irregularidades, e “na presença de representantes seus”. Mas Mousavi e outros candidatos recusam esta hipótese, reclamando novas eleições, porque acreditam que muitos votos depositados em urna desapareceram.

Entretanto surgem os primeiros sinais de fissuras na unidade da República Islâmica. Ali Larijani, presidente do Majils (Parlamento) e influente figura conservardora, responsabilizou o ministro do Interior, Sadegh Mahsouli, por um ataque das milícias "bassidjis" a um dormitório da Universidade de Teerão.

De visita à Rússia, Ahmadinejad não fez qualquer declaração sobre os confrontos em Teerão, que se terão alastrado a outras cidades do país, como Isfahan. Mas terá tomado nota das declarações do Presidente francês, Nicolas Sarkozy, que hoje denunciou a “dimensão da fraude” que terá permitido a reeleição, à primeira volta, de Ahmadinejad. O Governo italiano considerou também “inaceitáveis” as mortes de oito apoiantes do candidato moderado, abatidos a tiro no final da manifestação de ontem por, segundo as autoridades, terem tentado entrar num quartel das milícias pró-governamentais.

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