Psicólogos alertam para aumento do jogo compulsivo em resultado da crise
a A actual crise económica pode potenciar o aumento do jogo patológico, alerta o psicólogo Pedro Hubert, especialista neste tipo de adição. Isto porque um dos "mitos" em que o jogador compulsivo acredita é que em cada jogo está prestes a ter um golpe de sorte que vai resolver todos os seus problemas financeiros.Perdas recentes, como o desemprego, ou problemas de dinheiro figuram entre os factores de risco que podem conduzir ao desenvolvimento de problemas de jogo, refere o site www.jogoresponsavel.pt, desenvolvido por Luís Rebordão, um antigo profissional de casino com acções na prevenção do problema.
Em Portugal não existem números que permitam saber se o problema está a aumentar. Por extrapolação de estudos europeus, estima-se que cerca de 100 mil portugueses possam sofrer com o problema e, dizem também estudos internacionais, constata-se que os momentos de crise económica potenciam o problema "em pessoas que já têm predisposição para o jogo patológico", nota Pedro Hubert. Alguns traços psicológicos que podem estar presentes são o egocentrismo, a megalomania, o desejo de poder e a competitividade.
Há grupos mais vulneráveis. As classes média e média baixa passaram desde há alguns anos a fazer parte do alvo dos casinos, que disponibilizam, por exemplo, máquinas em que se pode começar a jogar com um cêntimo, constata o psicólogo. No seu consultório privado, em Lisboa, Pedro Hubert tem vindo a notar um aumento de pessoas que procuram ajuda e "são cada vez mais classe média".
"Não é uma elite. Em muitos casos, foram jogar para resolver problemas correntes, o empréstimo da casa que subiu..." O sistema público de tratamento não oferece qualquer saída para estes doentes, apesar de ser um problema reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, critica.
"Rosário" é coordenadora do grupo de interajuda dos Jogadores Anónimos da Parede e, apesar de não notar um aumento no número de membros, lembra que "há alturas críticas" como o Verão, quando as pessoas recebem o subsídio de férias. A coordenadora refere que em todo o país os actuais membros não chegam a 30 e incluem desde estudantes a engenheiros, "até estratos sociais mais baixos".
O jogo online é outra armadilha para os mais vulneráveis, sublinha Pedro Hubert. Está ao alcance de um click, tem menos custos e garante o anonimato e a disponibilidade 24 horas por dia. Existem cerca de dois mil sites de jogo acessíveis aos jogadores portugueses, 200 direccionados especificamente para Portugal, nota Luís Rebordão, sendo que muitos deles não cumprem requisitos de segurança.
É por essa razão que até ao final do mês vai lançar outro site (www.jogoremoto.pt) de protecção ao consumidor. Foram criados 135 requisitos e o objectivo é dar a conhecer os sites que os cumprem ou não. Na lista de exigências conta-se a assistência 24 horas por dia, a auto-exclusão a pedido de pessoas com problemas de jogo e o rastreio de menores, através da verificação de cartões de crédito.
200
Estima-se que actualmente existam cerca de 200 sites de jogo na Internet direccionados especificamente para Portugal
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Estima-se que actualmente existam cerca de 200 sites de jogo na Internet direccionados especificamente para Portugal