Artur Martins é o novo administrador da Saúde 24
Não terá sido por acaso que, desta vez, a escolha recaiu numa pessoa com conhecimento específico a nível dos recursos humanos. Aqueles que decidem têm ainda bem presente os conflitos laborais que marcaram o consulado de Ramiro Martins, um gestor que demonstrou ter pouca sensibilidade para lidar com os enfermeiros da S24.
O director-geral da Saúde, Francisco George, chegou a confrontá-lo publicamente com essa circunstância, e os enfermeiros, por seu lado, responsabilizaram-no sempre pelo clima de crispação que se instalou no serviço a partir do momento em que oito profissionais de saúde da área da supervisão escreveram (em Outubro de 2008), uma carta à ministra Ana Jorge, denunciando o “caos organizativo” em que o serviço estava a funcionar e onde eram feitas acusações graves à LCS- Linha de Cuidados de Saúde, a empresa gestora da S24.
Ramiro Martins nunca perdoou as críticas e, a partir dessa altura, os conflitos laborais tornaram-se insanáveis e as relações de trabalho deterioram-se. Houve enfermeiros que foram afastados e muitos outros não resistiram ao clima de intimidação que passou a vigorar na Saúde 24 e foram-se embora. Ana Rita Cavaco, a primeira subscritora da carta à ministra, foi a principal vítima de Ramiro Martins. Alvo de um processo disciplinar, a enfermeira supervisora foi suspensa, tendo sido despedida na semana passada. O seu despedimento terá sido um dos últimos actos de gestão de Ramiro.
Ao PÚBLICO, Ana Rita Cavaco congratulou-se com a saída do até agora administrador da Saúde 24 – “foi uma meia vitória”, disse -, e lembra que Ramiro Martins chegou a dizer que “não saía nem morto”. Ana Rita adiantou que vai pedir em tribunal a anulação do despedimento e reclamar a sua reintegração na empresa. Uma vez despedida, afirma, não se justifica que continue a ser a voz da Saúde 24, razão pela qual vai pedir que procedam à substituição do anúncio da linha com a sua voz.
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, que tutela a S24, acredita que “as mudanças que estão a ser realizadas vão de encontro à necessidade de superar as deficiências que ainda existem no serviço, mas que nunca colocaram em causa a sua qualidade”. De resto, refere que a “Saúde 24 funciona com muita qualidade e que os níveis de satisfação dos utentes são elevados, situando-se na casa dos 97 por cento, o mesmo acontecendo com as chamadas atendidas que registam uma taxa de 93,6 por cento, quando, sublinha Manuel Pizarro, o contrato fixa 85 por cento.