Centenário do sismo de 1909 que arrasou Benavente e Samora Correia será assinalado com novo simulacro
Evocação do maior sismo verificado no século passado em Portugal tem ponto alto a 23 de Abril, e inclui simulacro e conferência internacional em Maio
a A Câmara Municipal de Benavente vai desenvolver actividades evocativas do primeiro centenário do grande sismo de 23 de Abril de 1909, catástrofe que atingiu todo o vale do Tejo, originando 60 mortes e a destruição quase completa das vilas de Benavente e de Samora Correia. O programa delineado pela edilidade para lembrar o que terá sido o maior sismo verificado no século XX no território português pretende "envolver toda a população" e integra um simulacro do terramoto de 1909 e uma conferência internacionais sobre a resposta operacional em sismos.
O exercício internacional está marcado para os dias 5 e 6 de Maio, com o objectivo de simular as consequências e as necessidades operacionais de resposta a um tremor de terra com intensidade semelhante à do registado há 100 anos, que teve epicentro próximo de Benavente. A 7 de Maio realiza-se a conferência sobre esta temática que é organizada em parceria com a Autoridade Nacional de Protecção Civil e contará com intervenções de especialistas portugueses e oriundos de Espanha, França, Grécia e Itália.
Alarme às 17h05O programa arranca no próprio dia 23 de Abril (dia do centenário) com as sirenes das corporações de bombeiros de Benavente e de Samora a tocarem às 17h05 - hora do sismo de 1909, que não provocou mais vítimas porque boa parte da população estava ainda a trabalhar no campo -, em simultâneo com o toque a rebate dos sinos das igrejas. Segue-se uma sessão solene com a participação das entidades que desenvolveram campanhas de auxílio às populações locais e o lançamento de uma medalha evocativa. No dia 23 serão, ainda, descerradas placas evocativas nas praças da República de Benavente e de Samora.
O livro "Do terramoto de 23 de Abril de 1909 à reconstrução da vila de Benavente - um processo de reformulação e expansão urbana", da autoria de Rui Vieira, será lançado na mesma altura. Para dia 23 de Abril estão ainda previstas as inaugurações de exposições sobre o Terramoto de 1909 no Museu Municipal de Benavente e na galeria do Palácio do Infantado de Samora Correia, assim como uma mostra sobre o que se lia naquela época que estará patente na Biblioteca de Samora Correia.
Que fazer em caso de sismo?Até Julho estão previstas mais actividades, com a apresentação (Maio) de uma peça de teatro infantil pela associação Os Revisteiros, que privilegia os aspectos ligados à actuação em caso de sismo. Em Junho, o grupo de teatro Sobretábuas apresenta um trabalho dirigido ao público em geral sobre a mesma temática e sobre o momento político e social vivido em 1909, em vésperas da implantação da República.
Em Junho e de Julho realizam-se conferências sobre os temas Como evitar as consequências de um sismo e Experiência vivida no sismo do Faial e serão lançados catálogos de fotografias de Benavente e de Samora na primeira metade do século XX. O programa encerra com concertos a realizar nas igrejas de Samora Correia, Benavente e Santo Estêvão.
A distribuição nas escolas de uma maleta com conteúdos pedagógicos e lúdicos sobre a história e os aspectos sociais, científicos e técnicos relacionados com o sismo de 1909 é outra vertente do programa. A autarquia aposta na sensibilização dos alunos e está a desenvolver uma apresentação em suporte digital com informação histórica e técnica sobre os sismos.
No Cine-Teatro de Benavente estará patente uma exposição de trabalhos escolares subordinados ao tema ... E se a terra tremer, o que vou fazer?
O grande sismo de 1909, originado pelo sistema de falhas do vale do Tejo, teve o seu epicentro entre as localidades de Benavente e Samora Correia, atingindo uma magnitude de 6,7 na escala de Richter. O abalo provocou 60 mortes e 75 feridos graves. Quarenta e seis das vítimas mortais residiam no município benaventense. Foi o maior sismo ocorrido no território continental português no século XX.