Há nas duas partes desta "biografia" uma estranha complementaridade: passa-se de um olhar mais histriónico a um fechamento progressivo, como se do aprofundamento do mito resultasse uma inevitável introspecção, uma inteligente leitura da figura histórica, projectada no inconsciente colectivo. Que diferença em relação ao filme de Walter Salles("The Motorcycle Diaries") e, ao mesmo tempo, que coerência na sua inscrição no universo representativo de Soderbergh! Não encontramos a mesma perfeição de "O Bom Alemão", mas descobrimos rimas internas incontornáveis na sua relação complexa com o devir da História, sempre falando da sua preocupação com o silêncio e com a multiplicidade de sentidos.

Che é um herói moderno na medida em que desafia os limites da ficção e se fecha sobre um retrato estilhaçado.