Lousada: Mulher confessou em tribunal rapto de bebé de Hospital de Penafiel

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A audiência foi suspensa pelo tribunal, devendo prosseguir dia 22 de Abril PÚBLICO

Simone Ferreira, de 21 anos, que se encontra em prisão domiciliária, confirmou que no dia 14 de Junho do ano passado raptou um bebé recém-nascido após ter entrado no hospital fazendo-se passar por enfermeira.

A arguida, que está acusada de sequestro agravado, um crime com uma moldura penal de dois a dez anos de prisão, disse ao colectivo de juízes que durante nove meses se fez passar por grávida junto da família e do companheiro, Márcio, com quem vivia em Felgueiras.

Simone Ferreira disse que não conseguia engravidar, confirmando que foi seguida na consulta de fertilidade no Hospital Padre Américo durante vários meses.

A arguida explicou ainda ao tribunal que justificava o não crescimento da barriga, junto dos familiares, com a existência de quistos, mas que não eram impeditivos para ter a criança.

Afirmou também que durante os nove meses adoptou os hábitos de uma mulher grávida, nomeadamente a compra de roupa de bebé e biberões.

Simone Ferreira disse que só decidiu raptar a criança um dia antes de o concretizar, confessando que fizera uma primeira tentativa no dia 13. "Não tive coragem", afirmou ao colectivo.

A arguida confirmou que no dia em que raptou o recém-nascido entrou no hospital pela urgência de pediatria, subindo ao sexto piso, onde se localizava a maternidade. Nesse percurso vestiu uma bata branca com a qual se fez passar por enfermeira.

Simone disse que entrou na primeira enfermaria que encontrou, dizendo a uma mãe que ia levar o seu filho para a realização de exames.

A arguida deixou o hospital e seguiu em direcção a Felgueiras, no automóvel do seu ex-namorado Sandro, co-arguido neste processo, acusado de colaboração no rapto.

Já em Felgueiras, contactou telefonicamente o companheiro, dizendo-lhe que já tivera a criança e que estava na hora de a ir buscar.

Seguiram ambos para Lousada, a casa dos pais do companheiro, onde algumas horas depois vieram a ser detidos pela PJ do Porto.

Simone garantiu que o arguido Sandro nunca soube que o bebé tinha sido raptado.

"Pedi-lhe apenas que me levasse ao hospital para ir buscar o meu bebé, que nascera há 15 dias, e que ficara lá a fazer exames", disse.

O arguido Sandro não quis prestar declarações, o mesmo acontecendo com o companheiro de Simone à data dos factos, Márcio.

Os dois inspectores da Polícia Judiciária (PJ), testemunhas no processo, confirmaram os factos que constam dos autos.

O inspector da PJ Luís Rocha, questionado pelo procurador do Ministério Público, disse não ter elementos que apontem para o facto de o arguido Márcio saber que o recém-nascido fora raptado.

A defesa de Simone prescindiu da audição das suas testemunhas.

A audiência foi suspensa pelo tribunal, devendo prosseguir dia 22 de Abril.

A presidente do colectivo justificou o adiamento com o facto de não terem sido juntos aos autos os relatórios sociais dos arguidos, elemento considerado essencial para se determinar a indemnização cível pedida pela família da criança.