Venda da Bordalo Pinheiro à Visabeira limita uso da marca

O grupo de Viseu passa, assim, a deter uma posição maioritária na fábrica de faianças, mas está limitado a um contrato de protecção da sua marca, imposto pelo executivo e pelos accionistas. E, com este negócio, reforça a aposta no sector, uma vez que conseguiu garantir 40 por cento da também histórica Vista Alegre Atlantis.

A venda da Bordalo Pinheiro à Visabeira, negócio que o PÚBLICO noticiou em Fevereiro, vai ser concretizada hoje, assegurou Vera Jardim, sócio minoritário da fábrica. O deputado e ex-ministro socialista avançou ontem que a empresa de Viseu "irá ficar como sócia maioritária" da fábrica de faianças. "O que se pretende é viabilizar a empresa", que tem sido prejudicada por uma acentuada quebra nas encomendas, acrescentou.

Recusando-se a revelar de que parte do capital se vai apropriar o grupo liderado por Fernando Campos Nunes e qual o montante implicado na operação, Vera Jardim remeteu mais comentários para hoje, na sequência da reunião entre os actuais accionistas, que se dispuseram a reduzir a sua participação para salvar a empresa, e a Visabeira.

Disse, ainda, que este negócio implica "uma salvaguarda da marca Bordalo Pinheiro, pelo seu peso histórico em Portugal", não podendo esta ser alienada ou modificada. Condição imposta ao grupo de Viseu para que se concretizasse a aquisição.

Quanto aos 172 trabalhadores da empresa centenária, "caberá aos novos accionistas delinearem um plano" que determinará a necessidade de eliminar postos de trabalho, referiu o sócio minoritário da Visabeira. Já o actual administrador e accionista maioritário, Jorge Serrano, "deverá ser substituído", avançou.

Este negócio, que Vera Jardim diz ter sido "mediado pelo Governo" e, mais concretamente, por Manuel Pinho, vai permitir à Visabeira reforçar a presença no sector da cerâmica e faianças. Além da compra da Bordalo Pinheiro, o grupo lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Vista Alegre Atlantis (VAA), a 19 de Janeiro, e já detém, neste momento, mais de 40 por cento do capital da empresa, depois de ter adquirido parte da participação do BCP na semana passada.

Esta aquisição, que recebeu luz verde da Autoridade da Concorrência e que foi recebida como "oportuna" pela actual administração da VAA, pressupõe uma reestruturação da empresa centenária, que passará, nomeadamente, pelo desinvestimento no segmento do cristal, um dos mais prejudicados pela conjuntura, e pela aposta na internacionalização. Também neste caso se desconhece o destino dos 750 trabalhadores.

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