Sindicatos da PSP preparam manifestação para o dia dos "secos e molhados" e GNR vai amanhã para as ruas
a O 20.º aniversário dos "secos e molhados", episódio que colocou polícias contra polícias no Terreiro do Paço, em Lisboa, promete ficar assinalado com uma grande manifestação por parte da PSP. Numa reunião inédita, nove sindicatos policiais acordaram, pela primeira vez, realizar um protesto conjunto no dia 21 de Abril. Às reivindicações de agentes e chefes juntam-se agora os oficiais. Já amanhã é a GNR que protesta.Mesmo os sindicatos dos oficiais, como a Associação Sindical dos Oficiais de Polícia (ASOP) e o Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP), concordaram, em encontro ocorrido na terça-feira, em Lisboa, na realização de mais reuniões conjuntas de modo a pressionar o Governo para rever os índices remuneratórios, a situação da assistência na doença e o regime da aposentação. No dia 6 de Abril, altura em que os sindicatos vão reunir-se novamente, deverá ser anunciada a acção de protesto do dia 21.
Os nove sindicatos da PSP representados discutiram na semana passada o estatuto de pessoal da PSP apresentado pelo Ministério da Administração Interna, tendo concluído que o mesmo é "extremamente lesivo da dignidade dos profissionais de polícia".
Dizem os polícias que a proposta do Governo "representa claramente um não assumir da situação penosa em que muitos profissionais da PSP se encontram, bem como o frustrar das legítimas expectativas de todo o pessoal com funções policiais".
Os polícias entendem que a aplicação da Lei 12-A/2008 (referente ao regime de vínculos, carreiras e remuneração da função pública) à PSP é uma medida que vai afastar ainda mais esta polícia das restantes forças de segurança, nomeadamente da GNR, cujos estatutos são substancialmente diferentes no que respeita às perspectivas de carreira e consequente evolução salarial.
Para já, amanhã é a GNR que vai para as ruas. Ontem a Associação dos Profissionais da Guarda pediu que os trabalhadores participem de "forma maciça" na manifestação, marcada para o Terreiro do Paço, em Lisboa, tendo em conta o "não cumprimento de promessas" pelo Governo. Este protesto, ao qual também deve aderir o pessoal de investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, contaria, em princípio, com a presença da maior parte dos sindicatos da PSP. Tal não vai acontecer, uma vez que, recentemente, o MAI se comprometeu a negociar algumas das suas reivindicações.
"Este Governo foi o que mais atentou contra os direitos dos profissionais da GNR, designadamente nas áreas da saúde, aposentação e estatuto remuneratório", disse ao PÚBLICO o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, José Manageiro.
A manifestação de amanhã e a que, previsivelmente, terá lugar a 21 do próximo mês são ainda antecedidas da recepção, por parte do ministro da Administração Interna, Rui Pereira, dos presidente e secretário-geral do Conselho Europeu de Sindicatos de Polícia, respectivamente Branko Prah e Gérard Greneron.
Sindicatos da PSP estão unidos, o que raramente acontece, e vão protestar contra promessas não cumpridas